De que maneira fazer uma prova de corrida de rua saindo do Brasil, passando
pela França e retornando ao Brasil (ou o inverso)?
Seria isso possível? 🤔🤔🤔
Seria isso possível? 🤔🤔🤔
Sim! Esse
percurso pode ser feito entre o Estado do Amapá, no norte do Brasil, e a Guiana
Francesa, território francês e parte da União Europeia.
Essa particularidade totalmente
inusitada chamou minha atenção logo em 2017, na 1a edição da Meia Maratona
França-Brasil da qual não pude participar. Já em 2018, não deixei a
oportunidade me fugir.
Corridas
binacionais são por si só um atrativo extra, acho que para todo corredor. O
fato de percorrer uma prova entre o Brasil e a França então, é fantástico!
A Guiana
Francesa, separada do município amapaense do Oiapoque pelo rio do mesmo nome, é
departamento ultramarino francês. Lá, fala-se o francês e usa-se o euro.
Pois bem.
A primeira dificuldade dessa meia maratona é chegar até o Oiapoque.
Para quem
sai da Guiana talvez seja mais fácil. Caiena, a capital, fica a menos de 200km de
Saint Georges, cidade de fronteira e onde ocorre a corrida. Porém, para nós brasileiros, para entrar por Caiena é
necessário passaporte e a burocracia de um visto tirado no consulado que custa
60 euros.
Para quem
sai de outros estados brasileiros a via é por Macapá e o acesso para Oiapoque
só é feito por terra. Quase literalmente, pois dos 600km que separam a pequena
Oiapoque da capital do Amapá, 100km são de estrada de terra, a BR 156 que
atravessa uma reserva indígena.
Vencido
esse obstáculo, vamos à prova.
Em 2017 a
largada foi sobre a Ponte Binacional de 380m que divide as duas cidades
fronteiriças, com saída do lado brasileiro, entrando em território guianense e
voltando para o Oiapoque.
Em 2018 o
percurso foi o contrário.
A
proposta da organização é manter esse revezamento de largada/chegada em
alternância entre os dois países.
Fui com
os amigos Leandro, Ricardo, William e um grande grupo de corredores da
assessoria de corrida de Macapá, Maraturista.
Para a
largada, saímos todos do hotel às 5:30 da manhã, ainda escuro e a van nos
deixou do lado brasileiro da ponte para seguirmos caminhando até a largada, do
lado francês.
Sobre a ponte, ainda do lado brasileiro |
E já na Guiana |
O sol começou a nascer enquanto o locutor da prova animava os corredores falando em francês.
Em torno
de 700 brasileiros e guianenses/franceses correram divididos nas duas
distâncias oferecidas: os 21km ou os 6km.
A
largada, marcada para as 6:30 horas, teve um pequeno atraso de 15 minutos e nós
partimos fazendo o caminho de volta, passando pela ponte, entrando no Oiapoque
por aproximadamente 2km, retornando para a ponte e correndo todo o restante da
prova em Saint Georges.
Atravessando a Ponte Binacional em direção ao Oiapoque, Brasil |
O tempo felizmente estava nublado. Não achei quente, porém a umidade era muito grande por ser uma área de floresta. Terminei minha prova com os tênis completamente encharcados de suor.
Percurso difícil e belíssimo |
Ter tido a sorte de correr no ano em que a maior parte da prova passou-se na Guiana foi maravilhoso pois tive a oportunidade de "conhecer" um pouco a cidade francesa além do permitido para os que não têm o visto (falarei disso no post sobre o Oiapoque/Guiana Francesa).
Em Saint Georges |
Tivemos todo o percurso inteiro para nós, bem policiado, com água a cada 3km e gel de carboidrato no km 16. Percurso puxado, com muitas ladeiras.
Os staffs
foram bastante interativos e foi interessante ouvi-los nos animando do lado
brasileiro com "Vamos, vamos" , "Força!", enquanto que do
lado francês ouvíamos "Allez!!" e "Courage". Minha resposta
também mudou de acordo com o território pisado: de "Obrigada" a
"Merci"..... 😂😄😃
Na
chegada, muita animação no palco, com premiação dos campeões das duas
distâncias, além da premiação por categoria.
Em mais uma prova internacional, tive o grande prazer de ser chamada ao podio para receber uma medalha especial pelo 3o lugar da minha categoria.
Claro que
fiz questão de dizer que tinha vindo do longínquo Ceará, o que foi devidamente
anunciado pelo locutor brasileiro. Alegria e felicidade definem!!
Foi tudo perfeito!!!!!! 👏👏
A medalha de participação e a medalha de 3o lugar |
Dicas para
quem vai:
Como
chegar: de Macapá para o Oiapoque só se chega por terra. Não sei quais ônibus
ou horários.
São 600km
de Macapá ao Oiapoque, com 100km de estrada de terra (BR 156). Se estiver
chovendo, a estrada fica um pouco lamacenta. Felizmente novembro ainda não é a
época de grandes chuvas.
A melhor
opção com certeza é ir em grupo e, para quem mora fora, existe o contato da
Assessoria Maraturista, do professor Marco Aurélio. Eles montaram grupos nas
duas provas.
Segue
site da assessoria: http://www.maraturista.net/
Site da
prova: a prova não tem site. A inscrição foi feita por um desses sites de
inscrição de corrida.
Entrega do kit: a organização fez a entrega do kit em três cidades: Macapá, Oiapoque e Saint Georges. Excelente facilidade para os corredores.
Hotel:
fiquei hospedada no centro da cidade, Hotel Guará. Sinceramente, o hotel é
muito fraco e a única vantagem foi estar junto com o pessoal da assessoria.
Visitei a
Chácara do Rona, que fica às margens do Rio Oiapoque e que oferece chalés e
redário. Não vi os quartos mas me pareceu uma opção melhor. O restaurante deles
é bem agradável e a comida é boa.
Me
falaram também do Hotel Chez Denise, que também é no centro.
Onde
comer: existem várias opções de restaurantes, churrascarias no centro da
cidade. Jantei uma noite no Comideria, ao lado da pracinha e gostei muito.
Como ir para Saint Georges, na Guiana Francesa: aqui
Veja mais sobre o Amapá: Do Oiapoque à..... Guiana Francesa!
Macapá, 2 dias no meio do mundo
Mais fotos:
Jantar de massas do grupo |
Chegada ainda escuro ao local da largada |
Posto da fronteira |
Breno. 21km raiz |
Amapá! |
Sobre a ponte e o Rio Oiapoque |
Foto: Corrida de Rua Amapá |
Entrando no Brasil para rodar 2km |
Voltando pra França |
Estrada |
Dificuldade da subida |
O campeão geral dos 21km |
Seguido pelo 3o e 2o lugar |
Foto: Flavio Cavalcante (Corrida de Rua Amapá) |
Pelas ruas de Saint Georges |
Foto: Flavio Cavalcante (Corrida de Rua Amapá) |
Chegada |
Carro da cerveja. Compra com euro ou real |
Com os amigos Leandro e Ricardo |
E com Linda, William e Lana |
Premiação feminina - geral 21km |
Premiação masculina - geral 21km |
Sou é do Ceará!!!! 😂 |
Festa final. Foto: Maraturista |
9 comentários:
Seu relato foi motivador, já participei dessa prova na primeira edição e realmente é muito linda, mas ler o seu relato com todos os detalhes em textos e imagens só me deixa com vontade e ir nas próxima. Parabéns pela conquista.
Jander.
É isso Jander. Prova muito bacana!
Valeu!
Lia
Excelente postagem Lia Campos! Bem precisa nas informações.
Leandro
Muito legal, Lia Campos!! Valeu muito a prova!!
Ricardo
Valeu, Lia! Belo texto. Os maraturistas estão à disposição para as próximas aventuras.
Marco Aurélio
Parabéns!!! Texto bastante informativo, deu vontade, apesar da distância. abraço
Rodolfo Lucena
Descrito verdadeiramente como foi, que bom que você gostou Lia Campos, a essência das corridas é a felicidade e as amizades que essas trazem consigo...parabéns por pódio, parabéns pelo texto!!
Isso mesmo Ivane!
Isso é a corrida de rua pra mim. O pódio foi um bônus extra, inesperado e maravilhoso mas o melhor foi toda a festa e o conhecimento que essa viagem me proporcionou.
Abraço!
Lia
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