Aposto que muitos sequer sabem
onde fica o Oiapoque, mas duvido quem nunca tenha escutado a expressão “Do
Oiapoque ao Chuí”.
Para quem tem o bichinho da
curiosidade das viagens nas veias (como eu!) essa expressão remete sempre ao
conhecimento do Brasil inteiro. Ou de ponta à ponta. Sonhei muito com isso, mas
confesso que nunca tinha me imaginado na ponta do Brasil, no Amapá. E..... Se
de lá eu não fui pro Chuí (ainda....), fui pra Saint George, na Guiana
Francesa.
Apesar de eu ter estudado
que o limite ao norte do Brasil ficava no Oiapoque, no Cabo Orange, na verdade desde 1930 o grande Marechal Rondon
afirmou que esse extremo de fato localiza-se
no Monte Caburaí, em Roraima, porém somente em 1998 esse ponto foi reconhecido
pelo Ministério da Educação. Tudo bem, mudou, mas o Oiapoque pelo menos
continua sendo o ponto norte extremo do litoral brasileiro e a expressão
continua. Duvido muito que mude....
E é longe esse começo do Brasil!
600km saindo de Macapá, por uma estrada com parte sem asfalto que inclusive passa por uma reserva indígena.
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Parte da estrada de terra |
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Passando por uma das aldeias indígenas |
Oiapoque em tupi-guarani
significa “casa dos Waiãpi”, que era o povo primitivo que habitava aquela
região. Hoje a cidade banhada pelo rio de mesmo nome é a 4ª maior do Amapá, com
menos de 30 mil habitantes.
De pontos turísticos tem um marco que sinaliza onde
“começa o Brasil”, um museu do Índio (que me pareceu interessante mas que quando
fui estava fechado) e o grande Rio Oiapoque que, se não nos leva ao Chuí, nos
leva mais longe ainda, pra Europa!
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Na voadeira pelo Rio Oiapoque e a Ponte Binacional que, como o rio, divide o Brasil da Guiana Francesa |
Isso mesmo! Do outro lado do
rio, bastando 15 minutinhos nas voadeiras, estamos na cidade de Saint Georges,
na Guiana Francesa, que é um território ultramarino francês e, como tal, faz
parte da França, consequentemente da Comunidade Europeia.
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Praça de Saint Georges em frente à Prefeitura |
Embora para a França nós
brasileiros não precisemos de visto, para a Guiana ele é obrigatório e, por
causa disso, quem não o possuir, só pode passear na zona de entrada em Saint
George, sob risco de ser preso (e eles prendem mesmo!).
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Prefeitura |
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Comprando cerveja no mercadinho |
O passeio é curto, a cidade é
mínima (em torno de 4 mil habitantes) mas não deixa de ser interessante ali do
lado do Brasil, usar o euro no barzinho à beira rio ou no mercadinho e trocar
palavras em francês com o povo (embora eles também falem o crioulo).
Dicas
para quem vai:
Acesso:
por terra, só existe um único acesso: a BR 156. São 600km de Macapá e, um pouco
antes de chegar ao Oiapoque, 100km ainda de terra, o que dificulta muuuito na
época de chuvas. Essa parte da estrada de terra é uma reserva indígena e
passamos por diversas aldeias.
Hotel: fiquei
hospedada no centro da cidade, Hotel Guará. Sinceramente, o hotel é muito
fraco e a única vantagem foi estar junto com o pessoal da corrida.
Visitei a
Chácara do Rona, que fica às margens do Rio Oiapoque e que oferece
chalés e redário. Não vi os quartos mas me pareceu uma opção melhor. O
restaurante deles é bem agradável e a comida é boa.
Me
falaram também do Hotel Chez Denise, que também é no centro.
Acesso
para a Guiana: a opção mais fácil (e barata) são as
voadeiras. Por R$ 20,00 (ida/volta), saindo do cais de Oiapoque, em 15 minutos
você estará em Saint George para fazer um breve passeio. Não precisa de
passaporte.
Pela ponte, de carro, aí
você já teria que ir com passaporte, visto e ainda paga um seguro que é bem
caro (para o caso de estar de carro).
Visto:
para entrar na Guiana Francesa é preciso visto que se tira nos Consulados da
França por 60 euros. Mas do Oiapoque você pode pegar as voadeiras e caminhar
somente na orla de Saint Georges sem o visto.
Troca
de moeda: no cais do Oiapoque você faz o câmbio real/euro (por
sinal muito bom!) para o caso de querer tomar uma cerveja em Saint Georges (no
barzinho, o chope custa 3 euros, mas no mercadinho, a lata de cerveja saiu a 1
euro).
Restaurantes:
comi no Rodeios e na Comedaria (muito bom). Também almocei na
Chácara do Rona, um hotel agradável
que fica na beira do rio e o almoço (caldeirada de Filhote) estava muito bom.
Mais fotos:
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Na estrada, parando para o almoço |
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110km de estrada de terra, por dentre a reserva indígena |
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Aldeia indígena |
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E os lindos pés de açaí |
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Cais do Oiapoque |
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Marco do começo do Brasil |
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Ruas de Oiapoque |
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Museu do Índio (aberto de 2a a 6a feira) |
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Entrada da Chácara do Rona |
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Hóspedes da Chácara do Rona pegando transporte para voltar à Guiana |
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Caldeirada de Filhote (Chácara do Rona) |
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Parte do restaurante da Chácara do Rona |
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Chuva! |
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Rio Oiapoque |
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Voadeira para Guiana |
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Chegando em Saint Georges |
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Hora de voltar |
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Balneário Lós. Nossa parada para almoço na volta |
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Encantada com as árvores de açaí |
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Balneário Lós |
7 comentários:
Amei Lía!! Obrigada por ter vindo a essas bandas do Brasil!!!! Abraço!!!
Lana, eu que adorei tudo e agradeço a acolhida de vocês!
Bjs
Lia
Monte Caburaí e não Oiapoque? Mas Oiapoque é um nome tão legal. 😞😞. Valeu Lioca. Aprendo sempre com teus blogues
Marcelo
Uau Lia! Seus posts são sempre uma aula de cultura, adoro! E esses lugares bem fora da curta que tu exploras é um espetáculo a parte. Muito massa mesmo. Parabéns, você é show!
Obrigada Marinês!Elogios vindo de você, são muitíssimos bem vindos!
Como eu, tem o "verminho" das viagens e curiosidade no sangue.
Bjs
Lia
Oiii, tudo bem? Em primeiro lugar, parabéns pelo blog e pela bela postagem... tenho umas perguntinhas pra vc, pois morro de vontade de viver essa aventura até a Guiana Francesa tb rsrsrsr vamos lá: vc disse que corre o risco de ser preso indo clandestinamente, correto? Ou seja, vc correu esse risco?? Se eu pegar essa voadeira e atravessar, estou correndo risco? E o perigo dessa travessia, vi que já afundou embarcações de brasileiros fugindo pra lá... será que se referem a esse mesmo trecho??? Agradeço desde já! Gde abraço!!!
Oi Vânia!
Que bom que gostou do post!
Bem... As voadeiras que saem do Oiapoque para Saint George, na Guiana, são lanchas simples mas eu as achei bem seguras. A navegação é tranquila e tanto na ida como na volta fomos poucas pessoas. Tem o colete salva vidas (que eu sempre coloco), mas sinceramente, não achei perigo nenhum.
Quanto à entrada, se você vai de voadeira sem o visto, você só pode ficar na entrada da cidade (na rua que fica beirando o rio). Eles recomendam que você não adentre na vila e soube de gente que realmente ficou presa por não ter o visto quando abordada pela polícia.
Se quiser conhecer bem a cidade ou dormir por lá, deve sim tirar o visto.
Se entrar em Saint George saindo do Oiapoque por terra, aí não entra é de jeito nenhum sem o visto, pois tem a polícia da fronteira. Tem que mostrar passaporte com visto.
Espero ter esclarecido suas dúvidas!
Abs,
Lia
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