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Teatro Amazonas |
O Amazonas, maior
estado brasileiro, é detentor de riquezas que no exterior são sinônimos de
Brasil: a floresta (ou o que ainda resta dela) e o rio Amazonas, o maior do
mundo.
Foi da floresta que
saiu a borracha, a responsável por colocar Manaus, sua capital, no centro da riqueza do país por um
tempo, fazendo com que ficasse conhecida no começo do século XX como a “Paris
dos Trópicos”, tamanho o esplendor da época.
Manaus nem sempre foi
Manaus e nem sempre foi capital do Amazonas.
No início, a vila
fundada pelos portugueses às margens do Rio Negro tinha o nome de Manaos,
devido à tribo indígena dos Manaós, que habitava a região.
A sede da então
capitania de São José do Rio Negro era a atual cidade de Barcelos, passando a ser Manaós somente em
1808 (até então na verdade ainda chamava-se Lugar da Barra).
O tempo passou e foi
na época do ciclo da borracha (fim do século XIX e começo do século XX) que a
cidade viveu todo o seu esplendor, com a construção de vários prédios opulentos,
como o Teatro Amazonas, de 1896, que teve dias de glória com
apresentações de artistas europeus para a elite seringalista.
Foi principalmente
nesse centro histórico manauara que concentrei minha visita e, para quem vai à
capital com o objetivo de conhecer um pouco sua história, saiba que vai
encontrar prédios bem conservados, hoje transformados em museus e/ou espaços
culturais, invariavelmente com visitas guiadas.
O roteiro pode ser
feito todo à pé. Apesar de não ser muito fácil caminhar no calor da cidade, ainda assim considero essa a melhor opção.
O início pode ser o Teatro,
que oferece visitas guiadas todos os dias. Andamos pelos corredores, camarotes
e antigos camarins.
A região do teatro é
muito bonita.
Bem em frente fica o Largo de São Sebastião, com o
monumento em homenagem à abertura dos portos do Amazonas ao comércio exterior,
em 1866, assim como a Igreja de São Sebastião (1888). Ao redor do largo,
casas antigas que se transformaram em sorveterias, bares, restaurantes, deixando a
noite bem animada.
É nas ruas ao lado do teatro que ficam dois excelentes
restaurante especializados em comida local, o Caxiri e o Tambaqui de
Banda, cada um de um lado.
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Igreja de São Sebastião |
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Largo de São Sebastião com o monumento de abertura dos portos e a igreja |
De frente ao teatro,
opção de compra de artesanato indígena mais “elaborado” na Galeria Amazônica. Colado a ela, a Musa do Largo, um espaço de exposição.
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Galeria Amazônica e a Musa do Largo |
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Peças de artesanato da Galeria Amazônica |
Do lado direito do
teatro, o belíssimo prédio do Palácio da Justiça, antiga sede do Poder
Judiciário da cidade e hoje, museu. Vale à pena a visita guiada.
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Interior do Palácio da Justiça |
Próximo passo, numa
breve caminhada, o Museu Casa de Eduardo Ribeiro.
Essa casa ficou
totalmente em ruínas mas foi reconstruída para contar a história de um
importante personagem da história de Manaus, o político Eduardo Ribeiro, governador por duas gestões e responsável pelo crescimento da cidade, inclusive
responsável pelo término da construção do Teatro Amazonas.
Achei curioso o fato de Eduardo
Ribeiro, que era maranhense e negro, aparecer em todos os quadros pintados dele na época com a pele branca. Retrato do preconceito da época.
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Retrato pintado de Eduardo Ribeiro |
Mais um pouco de
caminhada e chegamos à Praça Dom Pedro II e o Paço da Liberdade
(1879), prédio que abrigou o Governo ( infelizmente estava fechado para reforma).
Ao lado, o Palácio Rio Branco, a antiga Assembleia Legislativa e a rua
Bernardo Ramos, uma das primeiras da cidade, muito linda com suas casinhas
coloridas.
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Rua Bernardo Ramos |
Caminhando por ela,
deparei-me com a placa “Centro de Medicina Indígena da Amazônia”. Entrei e
conversando, descobri que são índios da etnia Tukano que oferecem consultas de um Pajé e vendem remédios feitos na comunidade.
Claro que quis me
consultar com o Pajé e qual não foi minha surpresa quando, ao entrar na sala,
ser acompanhada por sua neta que passou a traduzir para a língua tucana o que
eu falava em português pois o pajé falava mal minha língua. Matei a curiosidade
de ouvir uma das línguas nativas do Brasil.
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Com o Pajé e sua neta |
vídeo da consulta com o Pajé
Afastando-se um pouco do Teatro Amazonas, mas ainda no centro, o Palacete Provincial, antigo Quartel da Polícia Militar, abriga hoje
cinco espaços: Museu de Numismática, Museu da Imagem e do Som, Museu de
Tiradentes, Museu de Arqueologia e a Pinacoteca do Estado. Visita repleta de aprendizado, fora a beleza do prédio.
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Palacete Provincial |
Depois do Palacete
Provincial um prédio belíssimo: o Palácio Rio Negro.
Construído por um
“barão” da borracha alemão, é impressionante ver o exagero de lugar onde ele
morava sozinho com a esposa. Posteriormente o local foi sede do Governo e hoje
é mais um museu.
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Palácio Rio Negro |
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Interior do Palácio Rio Negro |
Aproveitando estar
ali, caminhe só um pouco mais e vá ao Museu do Índio.
Esse museu foi
criado em 1952 e ainda hoje á mantido pelas irmãs Salesianas, que ao longo do
tempo foram coletando peças pelas missões indígenas das quais fizeram parte, junto aos
povos que habitam a região do Alto Rio Negro. É um belo acervo de 3
mil peças catalogado e explicativo, dividido em seis salas.
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Uma das salas do Museu do Índio |
A caminhada
foi puxada então a dica é deixar o Mercado Municipal para outro dia.
Na ida para o mercado,
passagem pela Catedral e pelo Relógio Municipal, encomendado da
Suíça, além do antigo prédio da Alfândega, um dos primeiros prédios pré-fabricados do mundo, que está abandonado mas que continua belo.
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Relógio Municipal |
É no Mercado
Municipal Adolpho Lisboa (1880) onde pode-se encontrar artesanatos e
comidas locais, como a infinidade de peixes amazônicos, o pirarucu, tucunaré,
tambaqui. E tem açaí, tucupi, jambu.... Enfim, é aquela festa de mercado. Além
disso, o prédio é mais uma joia local, com duas fachadas totalmente diferentes, igualmente belas.
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Pirarucu |
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Outra fachada do mercado |
Em frente ao mercado,
o famoso Rio Negro. É de lá que saem as excursões para ver o encontro das águas
e onde ficam ancorados barcos que transitam por aquela imensidão de
água.
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Rio Negro |
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Porto flutuante de onde saem as excursões |
Foi dali que parti para
minha excursão de 1 dia, chamada Safari Amazônico, com saída às 9h e retorno às
17h.
A primeira atração do passeio é
o famoso encontro das águas do Rio Negro com o Rio Solimões. De um lado, um rio
barrento, do outro, as águas negras. Caminham lado a lado sem se misturar por
6 km.
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Do nosso barco, as águas que não se misturam |
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Rio Solimões X Rio Negro |
Seguimos então navegando, passando por comunidades ribeirinhas e suas casas sobre palafitas
e flutuantes. Nas casas flutuantes paramos para ver um pequeno criatório de
Pirarucu, o maior peixe amazônico, seguido por um local com vitórias regias,
onde fizemos nossa parada pro delicioso almoço com iguarias locais.
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Comunidades ribeirinhas |
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Vitória Régia |
Às 3as, 5as, sábados
e domingos, o passeio pode incluir o mergulho com os botos. Por R$ 20,00 por cabeça, formam-se grupos de 10 pessoas que entram na água por 10 minutos
e ficam junto aos botos que vêm pegar peixe das mãos do tratador.
Última parada, a
aldeia Dessana.
Eu já sabia que a tribo é “coisa para turista ver”. Eles nos
apresentam duas de suas danças rituais e nos oferecem peixe, beiju e
maniwara (formigas). Sim, eu as provei.... 😃
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Os Dessanas |
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Formigas maniwara |
Apesar de saber da encenação turística da “aldeia”, conversei um pouco com um rapaz e me surpreendi
ao notar que ele falava português com sotaque e o que descobri foi que eles
eram de uma aldeia pertinho dali. Claro que com a proximidade da cidade, há muito
passaram a ser uma “comunidade”. Falam português, assim como sua língua nativa, o tucano.
Construíram a pequena aldeia "cenográfica" para o turismo e além daquelas apresentações para as excursões, oferecem alguns passeios e trilhas pela
floresta (deixarei o link ao final do post).
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Dessana |
Os passeios pela cidade de Manaus não param
por aí. Falta a Praia da Ponta Negra. Quem ficar hospedado no centro histórico,
é necessário um transporte para chegar ao calçadão e uma área de laser com
anfiteatro e praia de areia branquinha, barraquinhas e banho de rio.
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Praia de Ponta Negra |
O post sobre Manaus é
grande e ficaria ainda maior se eu tivesse permanecido mais dias para conhecer
outras três atrações para as quais não tive tempo de ir: o Museu do Seringal, o
INPA (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia), um bosque com fauna e flora
locais, como peixe boi e o MUSA (Museu da Amazônia/Reserva Florestal Adolpho
Ducke), reserva com mais de 100km² de floresta amazônica com fauna local,
trilha e um mirante 42 metros de altura para observar a floresta.
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Tucumã |
Para quem quiser se
aprofundar na floresta, existem vários hotéis de selva, além de cruzeiros pelo
rio.
Manaus é um mundo!
Dicas para quem vai:
Saindo/chegando do
aeroporto:
ônibus, táxi e uber.
Hotel: voltando a Manaus,
ficarei com certeza hospedada novamente perto do Teatro Amazonas, porta de
entrada do centro histórico da cidade. Hospedei-me no Go Inn Manaus e indico.
Excelente localização e hotel bom.
Restaurantes: no Tambaqui de
Banda eu comi um delicioso tambaqui na brasa e um nhoque de tambaqui no
tucupi.
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Costela de tambaqui na brasa |
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Ñoque de tambaqui no tucupi e jambu |
No Caxiri optei por um hambúrguer de tambaqui no pão de açaí 😋. O Caxiri é bem
mais caro e a dica é o almoço nas 2as feiras, com menu executivo e preço mais acessível.
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Interior do Caxiri |
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Hamburguer de tambaqui com pão de açaí |
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Outro restaurante
muito bem recomendado é o Banzeiro. Esse eu não fui. Ficou pra próxima
vez.
Agência do tour : Crystal DayTour.
Contato: Max (92.9532 2438)
Centro de Medicina
Indígena da Amazônia:
rua Bernardo Ramos, 97
Museu do Índio: Av Duque de Caxias,
296
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Reprodução dos camarins antigos do teatro |
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Maquete do teatro feita de Lego |
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O teatro à noite |
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Igreja São Sebastião vista do Teatro |
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Monumento de homenagem à abertura dos portos |
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Bebendo como os locais!!!! |
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Movimento do Rio Negro |
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Posto de gasolina no Rio Negro |
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Porto flutuante |
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Palácio da Justiça |
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Interior do Palácio da Justiça |
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Praça D. Pedro II |
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Rua Bernardo Ramos |
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Centro de Medicina Indígena (a casa da direita) |
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Rua Bernardo Ramos |
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Palácio Rio Branco |
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Paço Municipal |
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Catedral |
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Museu da imagem no Palacete Provincial |
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Interior do Palacete Provincial |
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Restaurante onde almoçamos no Safari Amazônico |
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Tambaqui, Pirarucu de Casaca e Tucunaré |
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Vitórias Régias |
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O flutuante para o banho com os botos |
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A aldeia dos Dessana |
2 comentários:
Lia, que beleza este post ! Fomos à Manaus mas não vi a metade destes museus e palácios! Também ficamos na Ponta Negra e quatro dias no navio. Agora vamos nos hospedar no centro! Parabéns! Muita história !
Telma
Parabéns pelo material!
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