Bora
falar do Jalapão? Jala o quê? Aquele... da letra do Skank "Que seja no
Japão, Jamaica ou Jalapão..." Ou, mais recentemente, o da novela global.
Jalapão, esse imenso desconhecido do nosso Brasil
Antes pertencente a Goiás, com a divisão territorial o Tocantins saiu ganhando ao ficar
com a área de 158 970,95 ha onde hoje se situa o Parque Estadual do
Jalapão, criado em 2001 e que hoje é a principal atração turística do
estado.
Nao sem
razão.
São
cachoeiras, fervedouros, dunas, rios, serras. Uma riqueza natural incalculável.
Porém, engana-se quem achar que é fácil apreciar tudo isso. O Jalapão é bruto!
Pra
pessoa ver todos esses atrativos, que ficam sempre muito distante um dos
outros, tem que ser bruta também e aguentar muitas horas saculejando em carro.
As
estradas são todas de areia e os caminhos não são sinalizados.
A isso soma-se o
fato do Jalapão ter uma das menores densidades populacionais do país, 0,8
habitantes por km². Por essa razão, (assim como pelo clima da região, sempre
quente) é conhecido como "deserto do Jalapão".
Por todas essas
razões, a maioria das pessoas (como nós) costuma contratar agências
especializadas com roteiros já montados, que vão de 2 a 6 dias, com pernoites
nas pequenas cidades que situam-se ao redor do Parque, com destaque para Ponte
Alta, Novo Acordo, São Félix do Tocantins e Mateiros.
Depois de
pesquisar bastante, fechamos o passeio de três dias com a Nortetur, agência familiar que
trabalha na região há vários anos (ver mais nas "dicas para quem
vai").
Acho que
foi um tempo muito bom pra não ficar muito cansativo e poder ter uma visão geral dos principais atrativos.
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Nossa expedição |
Conhecemos
a Cachoeira do Formiga, com sua água esverdeada transparente, fomos a dois
fervedouros, poços naturais com águas
borbulhantes que vêm de baixo para cima num fenômeno chamado ressurgência, responsável por não nos deixar afundar (o fervedouro Bela Vista e o do Ceiça), conhecemos o Gruta de Sussuapara, com
sua fenda de 60 metros de altura que forma um cânion, a Pedra Furada situada num conjunto de imensos blocos areníticos, e as
impressionantes dunas alaranjadas do Jalapão, formadas no meio do nada, a
partir da erosão de serras próximas. Pelo menos pra mim, o ponto alto do
passeio.
Tivemos sorte porque, devido à uma forte chuva, o passeio das dunas que estava agendado para ser ao por do sol, foi transferido para a manhã seguinte e, de manhã cedo, as areias alaranjadas com o silêncio da exuberante paisagem ao redor, ficaram exclusivos para nós.
O único
local que não estava no nosso roteiro original e pedimos para ser incluído foi a comunidade de Mumbuca
(com cerca de 150 famílias), uma antiga comunidade quilombola formada
por escravos fugidos da Bahia e que "ganhou fama" por ter sido lá onde
começaram a fazer o artesanato com o capim dourado, cultivado na região e
colhido
apenas 1 vez por ano.
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Artesanato de capim dourado em Mumbuca |
Andamos
quase 1000km desde Palmas por estradas desertas na região do cerrado, onde
até animais era difícil de serem vistos. Uma ema, uns veados, uma arara, um gavião.... Foi
tudo. Realmente é um deserto.
O Jalapão é bruto sim. As cidades "de pouso" têm pouca infraestrutura e termina-se passando muito tempo na estrada. Mas é um pedaço do Brasil muito bonito que merece ser conhecido.
Dicas para quem vai:
Carro ou
agência: vi
pouquíssimas pessoas se atrevendo a fazer o passeio por conta própria. Quem quiser se aventurar (o melhor é usar carro 4X4), vá ciente que roda-se sem
qualquer indicação de caminho e muito menos existe gente a quem perguntar (lembre-se da baixa densidade populacional). Não à toa,
a grande maioria das pessoas que vai conhecer o Jalapão o faz através de
agências de turismo.
Nortetur: a agência é
familiar.. Fomos muitíssimo bem atendidos por todos, D. Telma, Flávio e S.
Nelito que foi nosso motorista e guia durante o passeio. No pacote de três
dias, estavam incluídos os transfers ida/volta do aeroporto pro hotel, duas
noites em pousadas em Mateiros e as três refeições diárias, comidas caseiras,
sem luxo, simples, mas gostosas e no último dia, por ser mais corrido, lanche no horário do
almoço.Telefone pra contato: (63) 3215.4957 e (63) 8406.7438.
http://www.nortetur.com.br/
Onde se
hospedar: as
cidades mais utilizadas como pouso durante os passeios são Ponte Alta, São
Félix e Mateiros. Quem vai através de agência não precisa se preocupar com esse
detalhe pois as pousadas (bem simples, mas com ar condicionado e chuveiro
elétrico) estão incluídas nos pacotes. No nosso caso, ficamos duas noites em
Mateiros, cidade pequena, que no final de 2017 anunciou uma “taxa turística” por pessoa/dia de R$ 20,00. Com
os protestos, a prefeitura estuda baixá-la para 2 ou 5 reais.
Atrações: algumas atrações, como os
fervedouros e cachoeiras são pagas. Para nós, as entradas estavam
incluídas no pacote mas a média de preço é R$ 20,00 por atração.
Época do
ano para ir: o
Jalapão é sempre quente e de dezembro a maio é a época de chuva. Fomos no final
de novembro e começo de dezembro e achei o clima bom, com algumas chuvas de
manhã que não chegaram a atrapalhar o passeio e ainda deram uma amenizada no
calor.
Celular: usado praticamente a viagem
toda como câmera fotográfica. Nas cidades, a única operadora que pegou foi a
Vivo. Wi-Fi nas pousadas beeeeem sofrível....
Compra de
artesanato de capim dourado: foi em Mumbuca onde começaram a fazer artesanato com o capim dourado e lá tem um local onde são vendidas as peças produzidas por todos da
comunidade. Em Mateiros, uma casinha de um senhor conhecido por “Morrão” também
tem algumas peças (até mais baratas que em Mumbuca, porém com menos opção).
Outro local onde paramos, também com muita variedade, foi em uma lojinha na cidade de Ponte Alta (infelizmente não lembro o nome, mas acho que é a única existente).
O que
levar: a
principal recomendação é levar dinheiro pois usar cartão de crédito por lá é
meio difícil..... Protetor solar, roupas leves, roupa de banho e chapéu também
são indispensáveis. Não fiz nenhuma trilha longa nem pesada, portanto usei
chinela “papete” sem problema. Quanto aos mosquitos, recomenda-se levar
repelente, mas felizmente não tivemos esse problema.
Veja mais sobre Tocantins: Palmas, a caçula das nossas capitais (dezembro/2017)
XVII Meia Maratona do Tocantins (02/12/2017)
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Parada para comprar doce de buriti |
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Estradas do Jalapão |
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Pedra da Catedral |
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Entrada do Fervedouro Bela Vista |
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O fervedouro e suas águas que não nos deixam afundar |
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Mateiros à noite |
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Artesanato de capim dourado do Seu Morrão, em Mateiros |
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O capim |
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A pequena comunidade de Mumbuca |
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A associação onde se vende o artesanato |
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Maurício Ribeiro, tocando para nós sua viola de buriti |
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Wilkie se aventurando |
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"Doutora" (Noemi), a autoridade maior de Mumbuca |
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Fervedouro do Ceiça |
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Impossível afundar |
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Mais estrada.... |
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Bar ao lado da entrada para as dunas |
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Fogão à lenha |
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Nós e a dona do bar, uma figura! |
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Ao longe, o laranja das dunas |
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Uma arara em seu ninho |
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Caminho para as dunas |
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Almoço no meio do tempo |
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Descida para o cânion do Sussuapara |
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Estrada para a Pedra Furada |
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Final da expedição na Pedra Furada |
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Um dos almoços nas pousadas em Mateiros |
2 comentários:
Jalapão é bruto porque a natureza lá é bruta: paisagem de cerrado, clima de savana, águas águas águas, fervedouros, dunas alaranjadas, chapadões e serras... Belo relato, Lia!
Que massa Lia. Seus pôsteres são maravilhosos. Bem completos e detalhados. Seu blog é um guia turístico dos melhores. Esse será mais um sonho a ser realizado em breve. Suas dicas nos serão úteis. Muito obrigada viu? Amei! Bjao.
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