Hora de pegar a estrada e fazer o passeio que
10 entre 10 turistas que vão ao Marrocos esperam fazer: o Deserto do Saara.
Ao sairmos de Fez, rápida parada na cidade de
Ifrane, conhecida como a “Suiça do Marrocos”.
Situada no Médio Atlas (uma das divisões da
Cordilheira do Atlas), com temperaturas sempre agradáveis em razão de situar-se
a 1700m de altitude, Ifrane foi
construída pelos franceses em 1930, durante o protetorado, para ser um local
onde eles pudessem se refugiar no verão marroquino e, no inverno, ser usada
como base para esportes de neve, como o esqui. Nos dias de hoje são os marroquinos que
utilizam o local com a mesma finalidade dos franceses.
Ao olhar os cartões postais da cidadezinha,
com ruas e árvores branquinhas, cobertas de neve, mais uma vez surpreendi-me com o Marrocos, pois jamais
pensei que no país conhecido pelo deserto, aquilo pudesse existir....
Depois de Ifrane, parada obrigatória na
estrada para olhar e dar amendoins a macacos que vivem soltos naquela região.
Alimentando os macacos |
A viagem continuou, passando por pequenas
cidades, até chegarmos ao Vale do Ziz, um verdadeiro oásis de palmeiras
verdinhas no meio daquela região desértica. Lindo local que apreciamos de longe.
Vale do Ziz |
Serei sincera: ao pensar na viagem ao
Marrocos, só me vinha à cabeça os passeios pelas medinas, as ruazinhas com
comércio característico, a cultura tão diferente da minha e olhei torto para a possibilidade de andar de dromedário pelas dunas do deserto,
imaginando que esse passeio estaria mais para uma encenação turística do que
uma experiência “real”.
Meu pensamento não estava totalmente
equivocado. O tour de uma noite com
dormida em tendas na areia do deserto é totalmente feito para os
turistas e, embora você fique no comecinho do que deve ser a imensidão do
lugar, nas dunas de Erg Chebbi, que são exatamente isso, o comecinho do deserto,
quase fronteira com a Argélia, e, embora você não durma em tendas berberes originais, com o verdadeiro povo do deserto, a experiência é fantástica!
Ao pararmos no local para montar nos
dromedários, o cenário já encanta. Do piso duro e plano de terra mais escura
vão surgindo sem meios termos as dunas amareladas e finas do Saara.
Entrada do deserto: de um lado, terra escura, dura e plana. Do outro, dunas de areia fina e amarela |
Deitados,
descansando, os bichos nos esperam. Foram 45 minutos de um passo lento por cima
daquela areia e com certeza foram para mim os 45 minutos mais emocionantes de
toda a viagem. Olhar aquelas dunas amarelas, sentir a areia levada pelo vento,
que vez por outra batia no meu rosto, foi indescritível. Eu estou no Deserto do
Saara?! Não acredito! DESERTO DO SAARA!!!!
No final da caravana, eu! |
Dei graças a Deus quando um grupo barulhento
que seguia em seus dromedários ao nosso lado pegou outro rumo e pude curtir
melhor aquele momento no silêncio que ele merece.
Extasiada com tudo. Foto da Cris |
O acampamento onde passamos a noite é todo de
tendas de lona e mais parece um hotel. São oito tendas, sendo que cada uma é um
quarto com cama, piso todo em tapete, banheiro e ducha. Fora as oito tendas
dos hóspedes, uma tenda maior serve como refeitório e outra como cozinha.
Fomos recebidas por rapazes bérberes, nativos
da região, com chá e biscoitos. Logo chegou a hora do jantar e após, do lado de
fora, ao lado de uma fogueira, ouvimos os rapazes cantarem e tocarem em seus
instrumentos típicos. Ficamos eu, Cris, uma família do Paquistão, umas moças da
Nova Zelândia, um casal marroquino/francês e seu filho e mais um casal
brasileiro curtindo um pouco o momento até a hora de dormir.
A única decepção do dia e resposta à pergunta
que TODOS me fizeram: não!
A noite no
deserto NÃO é fria. Muito pelo contrário! Só faltei não dormir de tanto calor!
E eu, que tinha certeza que fosse morrer
de frio e tinha ido preparada com casaco e cachecol.... hahah Pois aprendi que,
diferente dos filmes, as noites no deserto somente são frias no inverno e
naquele dia, estávamos na primavera (imagina como deve ser no verão!).
Cantoria na noite do deserto |
Na manhã seguinte acordei cedo para ver o
nascer do sol mas infelizmente, como no dia anterior, o tempo estava muito
nublado devido a uma pequena tempestade de areia. Nada de por do sol nem de
nascer do sol no meu deserto....
Sentindo |
Então tomamos nosso café e fomos curtir a
beleza do local enquanto aguardávamos o carro
para voltar.
Foi assim meu pouco tempo no Deserto do
Saara. Existem passeios mais duradouros, existem acampamentos mais simples, existem
outras opções. Eu adorei, amei o meu e ficará pra sempre na caixinha das lembranças "lugares que nunca na vida imaginei um dia ir".
Inesquecível!
Veja também sobre o Marrocos:
Marrakech, a Pérola do Sul
A incrível Mesquita Hassan II em Casablanca
Fez, a capital cultural do Marrocos
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Essaouira e El Jadida. Duas cidades marroquinas na rota portuguesa para o Brasil
A volta do Deserto do Saara (Rissanni, Gargantas de Todra, Ourzazarte e o Kasbah Ait Bem Haddou)
4a Semi Marathon International D'el JadidaA volta do Deserto do Saara (Rissanni, Gargantas de Todra, Ourzazarte e o Kasbah Ait Bem Haddou)
Vídeo do deserto: https://www.youtube.com/watch?v=xbc6FC3Uui8
Mais fotos:
Ifrane |
Grupo de motociclistas brasileiros |
De volta à estrada |
Ela estava grávida |
Fórum de Erfoud |
Estrada acidentada no Médio Atlas |
Vale do Ziz |
Hotel em frente às dunas |
Por estar ventando muito, melhor colocar o lenço |
Foto da Cris |
Prontas |
Foto da Cris |
Pegamos uma leve tempestade de areia |
Acampamento |
Nosso quarto |
Nós e o casal brasileiro Beto e Regina na hora do jantar |
Hora de voltar |
Colocando o lenço para a volta |
Autêntica mulher do deserto! |
Um comentário:
Adorei o teu relato. Parece que estamos lá com você. Mais uma vez, obrigada por dividir esta experiência incrível!
Sandra
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