quinta-feira, 23 de março de 2017

Jericoacoara - Ceará




Em 1983 as belezas da praia de Jericoacoara eram muito pouco conhecidas e foi somente em 1984 qua região foi declarada área de proteção ambiental.
O acesso para aquela vila de pescadores sem qualquer tipo de estrutura para turistas, sem restaurantes e sem nem mesmo energia elétrica era pior ainda do que hoje em dia, mas foi para lá que meus pais carregaram um “monte de menino” (eu, meus irmãos e alguns amigos nossos) em uma viagem pelo litoral do Ceará.



Carro 4X4 para enfrentar a areia fofa das dunas? Nem pensar! Uma Caravan ano 1979, o nosso “trovão azul”, que atolava a toda hora e nos obrigava a descer toda nossa bagagem para que ele ficasse mais leve e então o empurrássemos para desatolar. 
 

Nosso "Trovão Azul" sendo carregado por uma balsa em algum rio pelo Ceará. Minha mãe de chapéu e o resto, irmão e amigos. E eu, camiseta azul.

 
Pousada? Nem pensar! Nossa velha barraca de camping nos serviu de abrigo sob o céu estrelado de Jeri, iluminado apenas pela nossa lamparina.
Restaurante? Tampouco! Não existia e, como o propósito era o acampamento, nós mesmos fazíamos nossa comida no nosso fogareiro. Já o banho de água doce, contamos com a boa vontade de uma casa de pescador para quebrar o galho. Foi banho de cuia. Água puxada de um poço.
Essa era a Jericoacora de 1982.
Logo depois, Jeri começou a ganhar fama. Aos poucos, como geralmente acontece nesses locais desertos e longe da "civilização", a turma “alternativa” foi chegando, hospedando-se em casas de pescadores e a vila foi crescendo lentamente.
Em 1998 a energia chegou à praia.
De lá pra cá tudo se transformou.
Felizmente o acesso continua difícil.
A 300 km de Fortaleza, uma hora o asfalto termina e os mesmos 50 minutos de balançado em 4X4 ou jardineiras sobre as dunas é inevitável. Os nativos, com a carestia dos terrenos e casas, foram migrando para as cidades vizinhas e cedendo o espaço para pessoas de fora e pousadas. Muitos estrangeiros, várias pousadas.
As ruas, todas de areia, são repletas de restaurantes, bares e lojas.


De manhã, os inúmeros turistas se espalham entre ficar na praia ou seguir pelos diversos passeios, seja na Lagoa do Paraíso, em Jijoca, seja na vizinha Praia de Tatajuba, na Praia do Preá, seja no símbolo máximo de Jericoacoara, a Pedra Furada.
Aliás, é da Pedra Furada e seu “serrote” (morro mais alto do local) de onde vem o nome de Jeri. Do mar, a Pedra Furada teria a aparência de um “jacaré tomando sol”, “jericoacora” em língua indígena.
Ao entardecer o lugar de concentração de praticamente todos que estão em Jeri é um só, a “Duna do Por do Sol”.
Tal qual formiguinhas, levas e levas de grupos vão se aproximando para escolher um local sobre a duna e garantir uma boa visão do espetáculo do por do sol.

Formigueiro humano em direção à duna do por do sol

Já à noite, dessa eu não posso falar muito.....😀 Só que as ruas ficam repletas com todos os que durante o dia estavam espalhados.
O forró sempre foi tradição. Tanto que uma das principais ruas chama-se “Rua do Forró”. Se ele existe? Existe sim, mas junto a outros ritmos e opções musicais, com bares que tocam MPB, rock ou samba. Afinal, estamos em Jericoacoara, uma das 10 praias mais bonitas do mundo (segundo o Washington Post), eleita em 2016 como o destino número 1 da América do Sul e terceiro lugar na classificação mundial no prêmio “Choice Awards Travelers” (segundo o Tripadvisor).
Viva Jeri!

Vídeo feito de cima do serrote:



Dicas para quem vai:

Acesso: Distante 300km de Fortaleza, a melhor estrada é a CE 085, com pista dupla até o Trairi. Chegando pertinho de Jeri, existem três acesso:
O mais utilizado é por Jijoca, onde obrigatoriamente deixa-se o carro em algum estacionamento pago da cidade e pega-se transporte em 4X4 ou jardineiras, num percurso de 50 minutos. O preço do transporte varia de acordo com a época do ano e pode ir de 15/30 reais por pessoa por viagem . Já os estacionamentos cobram R$ 10,00 a diária.
Recomendo o Vânio como transporte: (88) 99988-8106/ (88) 99652-6935

A segunda opção é ir pela praia do Preá, um lugarejo um pouco antes de Jijoca, que também vem crescendo bastante em função dos usuários do kite surfe. Antes mesmo de chegar na praia, diversos guias já se oferecem para guiarem o carro. No meu caso, época de alta estação, começaram se oferecendo por R$ 60,00, mas acabei fechando por R$ 35,00.  O acesso é fácil, sem problema e mesmo carros sem tração conseguem ir (fomos em um UP), bastando secar um pouco os pneus. Apesar da facilidade, recomendo a opção do guia para quem vai pela primeira vez. Tanto, que contratei o mesmo para a viagem de volta.

Existe ainda uma terceira opção que seria ir por Camocim, atravessando o rio Acaraú com o carro em uma balsa e continuando até a duna do por do sol. Já fiz esse percurso em carro sem tração, mas dirigido por um guia contratado em Camocim (existe também a possibilidade de ir em buggy contratado em Camocim). Além da balsa em Camocim, pega-se outra em Guriú e o carro passa pelo Mangue Seco, por duna e praia. Essa via é utilizada somente para quem está hospedado em Camocim.
Como guia de Camocim, recomendo o Márcio (conhecido como Gordo). Fica sempre no local de saída da balsa. Preço da diária do guia na alta estação: R$ 150,00
A ida por esse trajeto está em fotos no final deste post.

Indo por Preá ou por Camocim no próprio carro, chegando em Jericoacoara, é obrigatório deixar o carro parado no estacionamento local, que é da Prefeitura. O valor da diária do estacionamento em Jeri é R$ 20,00 e dá direito ao transporte para sua pousada (tanto na ida quanto na volta).

Taxa de entrada em Jericoacoara: a partir de agosto de 2017, antes de entrar, o turista passa obrigatoriamente por um guichê e deixa lá R$ 5,00 por dia/por pessoa.São isentos da taxa as pessoas acima de 60 anos, deficientes e crianças até 12 anos (Art.4, Decreto Lei 044/2017).

Pedra Furada: são 2/3 km até lá e dá demais ir caminhando. Quem não quiser caminhar, pode alugar uma carroça (não é permitido o acesso de carros no local) que para em cima do serrote e a pessoa tem que descer até a pedra. Preço da carroça também é variável: 15/40 reais (ida/volta) dependendo da estação e da pechincha.

Hospedagem: inúmeras possibilidades. Do luxo ao albergue.
Fiquei na Pousada Bangalô e recomendo. Um pouco mais afastado do agito, tranquila e agradável.

Pousada Bangalô

Outra vez, fiquei na  MyM Jeri , mais simples do que a Pousada Bangalô, mas satisfatória.


MyM Jeri


Restaurantes:

Almocei no tradicional Dona Amélia, na rua do forró. MPB ao vivo e boa comida em pratos bem servidos. À noite tem forró pé de serra.

Restaurante mais popular: Sapão

Bar de praia: Bar do Alexandre. Fui em duas ocasiões e gostei muito.


Veja a prova em JeriJeri Beach Run - Jericoacoara (19/3/2017)


Fotos:

Praia do Preá

Indo pelo Preá
"Árvore da Preguiça", ente Preá e Jeri



Guichê para pagamento da taxa de turismo



O transporte do estacionamento




Árvore de crochê


Ruas de Jeri













Matando a sede no Bar do Alexandre, em frente à praia






Espelhinhos laranja. A cara do Brasil

















Capoeira à beira mar
Vibe de Jeri







Pousada Bangalô

Carroça para ir à Pedra Furada







De cima do serrote








Vista da Pedra Furada de cima do serrote




Meus três cabritinhos subindo o serrote


Carroças estacionadas no final da trilha. Daí pra frente, tem que descer o serrote para ter acesso à Pedra Furada







Almoço no Dona Amélia








Ida à Jeri por Camocim:

Balsa saindo de Camocim

Chegando à lagoa da Tatajuba

Lagoa da Tatajuba









Cardápio na lagoa da Tatajuba

Massagem nos pés pelos peixes



Balsa de volta pelo Guriú






3 comentários:

Wilkie disse...

Parabéns pelo belíssimo texto, Jericoacara é realmente exuberante!
Só complementando: "desde 1984, Jericoacoara foi declarada uma APA - Área de Proteção Ambiental - e tornou-se um verdadeiro Parque Nacional - PARNA - em fevereiro de 2002, para proteger, preservar e manter a beleza natural da região de Jijoca." (Fonte: Google).
Por isso, tanto controle com relação à circulação de veículos motorizados, como por exemplo, no máximo "carroças com cavalos" na trilha que leva até a Pedra Furada.

Leila de Lima Teixeira disse...

Adorei o relato. Que viagem maravilhosa você fez com seus pais e irmãos. Me senti como se estivesse estado lá com vocês. O Ceará é muito lindo!

JOSÉ AMÂNCIO NETO - CORREDOR DA 3ª IDADE disse...

Show amiga Lia! Que maravilha! Depois de ler, fiquei imensamente com vontade de conhecer essa excepcional praia. Morei em Sobral até o ano de 1974, mas naquela época ainda não se falava em Jericoacoara. De lá fica bem mais perto e eu teria ido conhecer. Parabéns pelo belo texto, fotos e tudo o mais. abr