Em 1983 as belezas da praia de Jericoacoara eram muito pouco conhecidas e foi somente em 1984 qua região foi declarada área de proteção ambiental.
O
acesso para aquela vila de pescadores sem qualquer tipo de estrutura
para turistas, sem restaurantes e sem nem mesmo energia elétrica era
pior ainda do que hoje em dia, mas foi para lá que meus pais
carregaram um “monte de menino” (eu, meus irmãos e alguns amigos
nossos) em uma viagem pelo litoral do Ceará.
Carro 4X4 para enfrentar a areia fofa das dunas? Nem pensar! Uma Caravan ano 1979, o nosso “trovão azul”, que atolava a toda hora e nos obrigava a descer toda nossa bagagem para que ele ficasse mais leve e então o empurrássemos para desatolar.
Nosso "Trovão Azul" sendo carregado por uma balsa em algum rio pelo Ceará. Minha mãe de chapéu e o resto, irmão e amigos. E eu, camiseta azul. |
Pousada?
Nem pensar! Nossa velha barraca de camping nos serviu de abrigo sob
o céu estrelado de Jeri, iluminado apenas pela nossa lamparina.
Restaurante?
Tampouco! Não existia e, como o propósito era o acampamento, nós
mesmos fazíamos nossa comida no nosso fogareiro. Já o banho de água
doce, contamos com a boa vontade de uma casa de pescador para quebrar
o galho. Foi banho de cuia. Água puxada de um poço.
Essa
era a Jericoacora de 1982.
Logo
depois, Jeri começou a ganhar fama. Aos poucos, como geralmente
acontece nesses locais desertos e longe da "civilização", a turma
“alternativa” foi chegando, hospedando-se em casas de
pescadores e a vila foi crescendo lentamente.
Em
1998 a energia chegou à praia.
De
lá pra cá tudo se transformou.
Felizmente
o acesso continua difícil.
A
300 km de Fortaleza, uma hora o asfalto termina e os mesmos 50 minutos de balançado em
4X4 ou jardineiras sobre as dunas é inevitável. Os nativos,
com a carestia dos terrenos e casas, foram migrando para as cidades
vizinhas e cedendo o espaço para pessoas de fora e pousadas. Muitos
estrangeiros, várias pousadas.
De
manhã, os inúmeros turistas se espalham entre ficar na praia ou
seguir pelos diversos passeios, seja na Lagoa do Paraíso, em
Jijoca, seja na vizinha Praia de Tatajuba, na Praia do Preá, seja no
símbolo máximo de Jericoacoara, a Pedra Furada.
Aliás,
é da Pedra Furada e seu “serrote” (morro mais alto do local) de onde vem o nome de Jeri. Do mar, a Pedra Furada teria a aparência de um
“jacaré tomando sol”, “jericoacora” em língua indígena.
Ao
entardecer o lugar de concentração de praticamente todos que estão
em Jeri é um só, a “Duna do Por do Sol”.
Tal
qual formiguinhas, levas e levas de grupos vão se aproximando para
escolher um local sobre a duna e garantir uma boa visão do
espetáculo do por do sol.
Formigueiro humano em direção à duna do por do sol |
Já à noite, dessa eu não posso falar muito.....😀 Só que as ruas ficam repletas com todos os que durante o dia estavam espalhados.
O
forró sempre foi tradição. Tanto que uma das principais ruas
chama-se “Rua do Forró”. Se ele existe? Existe sim, mas junto a
outros ritmos e opções musicais, com bares que tocam MPB, rock ou
samba. Afinal, estamos em Jericoacoara, uma das 10 praias mais bonitas
do mundo (segundo o Washington Post), eleita em 2016 como o destino
número 1 da América do Sul e terceiro lugar na classificação
mundial no prêmio “Choice Awards Travelers”
(segundo
o Tripadvisor).
Viva Jeri!
Viva Jeri!
Vídeo feito de cima do serrote:
Dicas
para quem vai:
Acesso:
Distante 300km de Fortaleza, a melhor estrada é a CE 085, com pista dupla até o Trairi. Chegando pertinho de Jeri, existem três acesso:
O
mais utilizado é por Jijoca, onde obrigatoriamente deixa-se o carro
em algum estacionamento pago da cidade e pega-se transporte em 4X4 ou
jardineiras, num percurso de 50 minutos. O preço do transporte varia de acordo com a época do
ano e pode ir de 15/30 reais por pessoa por viagem . Já os
estacionamentos cobram R$ 10,00 a diária.
Recomendo
o Vânio como transporte: (88) 99988-8106/ (88) 99652-6935
A
segunda opção é ir pela praia do Preá, um lugarejo um pouco antes de Jijoca, que também vem crescendo bastante em função dos usuários do kite surfe. Antes mesmo de chegar na praia, diversos guias já se oferecem para guiarem o carro. No meu caso, época de alta estação, começaram se oferecendo por R$ 60,00, mas acabei fechando por R$ 35,00. O
acesso é fácil, sem problema e mesmo carros sem tração conseguem
ir (fomos em um UP), bastando secar um pouco os pneus. Apesar da facilidade, recomendo a opção do guia para quem vai pela primeira vez. Tanto, que contratei o mesmo para a viagem de volta.
Existe
ainda uma terceira opção que seria ir por Camocim, atravessando o
rio Acaraú com o carro em uma balsa e continuando até a duna do por
do sol. Já fiz esse percurso em carro sem tração, mas dirigido por
um guia contratado em Camocim (existe também a possibilidade de ir
em buggy contratado em Camocim). Além da balsa em Camocim, pega-se
outra em Guriú e o carro passa pelo Mangue Seco, por duna e praia.
Essa via é utilizada somente para quem está hospedado em Camocim.
Como
guia de Camocim, recomendo o Márcio (conhecido como Gordo). Fica
sempre no local de saída da balsa. Preço da diária do guia na alta estação: R$ 150,00
A ida por esse trajeto está em fotos no final deste post.
A ida por esse trajeto está em fotos no final deste post.
Indo
por Preá ou por Camocim no próprio carro, chegando em Jericoacoara,
é obrigatório deixar o carro parado no estacionamento local,
que é da Prefeitura. O valor da diária do estacionamento em Jeri é R$ 20,00 e dá direito ao transporte para sua pousada (tanto na ida quanto na volta).
Taxa de entrada em Jericoacoara: a partir de agosto de 2017, antes de entrar, o turista passa obrigatoriamente por um guichê e deixa lá R$ 5,00 por dia/por pessoa.São isentos da taxa as pessoas acima de 60 anos, deficientes e crianças até 12 anos (Art.4, Decreto Lei 044/2017).
Taxa de entrada em Jericoacoara: a partir de agosto de 2017, antes de entrar, o turista passa obrigatoriamente por um guichê e deixa lá R$ 5,00 por dia/por pessoa.São isentos da taxa as pessoas acima de 60 anos, deficientes e crianças até 12 anos (Art.4, Decreto Lei 044/2017).
Pedra
Furada: são 2/3 km até lá e dá demais ir caminhando. Quem não
quiser caminhar, pode alugar uma carroça (não é permitido o acesso
de carros no local) que para em cima do serrote e a pessoa tem que
descer até a pedra. Preço da carroça também é variável: 15/40
reais (ida/volta) dependendo da estação e da pechincha.
Hospedagem:
inúmeras possibilidades. Do luxo ao albergue.
Fiquei
na Pousada Bangalô
e recomendo. Um pouco mais afastado do agito, tranquila e agradável.
Outra vez, fiquei na MyM Jeri , mais simples do que a Pousada Bangalô, mas satisfatória.
Pousada Bangalô |
Outra vez, fiquei na MyM Jeri , mais simples do que a Pousada Bangalô, mas satisfatória.
MyM Jeri |
Restaurantes:
Almocei
no tradicional Dona
Amélia,
na rua do forró. MPB ao vivo e boa comida em pratos bem servidos. À
noite tem forró pé de serra.
Restaurante mais popular: Sapão
Restaurante mais popular: Sapão
Bar
de praia: Bar
do Alexandre.
Fui em duas ocasiões e gostei muito.
Veja a prova em Jeri: Jeri Beach Run - Jericoacoara (19/3/2017)
Veja a prova em Jeri: Jeri Beach Run - Jericoacoara (19/3/2017)
Fotos:
Praia do Preá |
Indo pelo Preá |
"Árvore da Preguiça", ente Preá e Jeri |
Guichê para pagamento da taxa de turismo |
O transporte do estacionamento |
Árvore de crochê |
Ruas de Jeri |
Matando a sede no Bar do Alexandre, em frente à praia |
Espelhinhos laranja. A cara do Brasil |
Capoeira à beira mar |
Vibe de Jeri |
Pousada Bangalô |
Carroça para ir à Pedra Furada |
De cima do serrote |
Vista da Pedra Furada de cima do serrote |
Meus três cabritinhos subindo o serrote |
Carroças estacionadas no final da trilha. Daí pra frente, tem que descer o serrote para ter acesso à Pedra Furada |
Almoço no Dona Amélia |
Ida à Jeri por Camocim:
Balsa saindo de Camocim |
Chegando à lagoa da Tatajuba |
Lagoa da Tatajuba |
Cardápio na lagoa da Tatajuba |
Massagem nos pés pelos peixes |
Balsa de volta pelo Guriú |
3 comentários:
Parabéns pelo belíssimo texto, Jericoacara é realmente exuberante!
Só complementando: "desde 1984, Jericoacoara foi declarada uma APA - Área de Proteção Ambiental - e tornou-se um verdadeiro Parque Nacional - PARNA - em fevereiro de 2002, para proteger, preservar e manter a beleza natural da região de Jijoca." (Fonte: Google).
Por isso, tanto controle com relação à circulação de veículos motorizados, como por exemplo, no máximo "carroças com cavalos" na trilha que leva até a Pedra Furada.
Adorei o relato. Que viagem maravilhosa você fez com seus pais e irmãos. Me senti como se estivesse estado lá com vocês. O Ceará é muito lindo!
Show amiga Lia! Que maravilha! Depois de ler, fiquei imensamente com vontade de conhecer essa excepcional praia. Morei em Sobral até o ano de 1974, mas naquela época ainda não se falava em Jericoacoara. De lá fica bem mais perto e eu teria ido conhecer. Parabéns pelo belo texto, fotos e tudo o mais. abr
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