Sabe aqueles posts “Não
morra antes de visitar esses 10 locais na América do Sul” ou tipo assim? Pois
foi neles que eu soube da existência desse rio situado no meio da selva colombiana, na cidade
de Macarena.
Caño Cristales, “O Rio das
Cinco Cores”.
As informações disponíveis sobre
essa atração colombiana são poucas e deu muito trabalho pesquisar e tentar encontrar
dicas de como chegar, onde se hospedar, passeios, etc, mas consegui me virar,
montar meu roteiro e chegar até lá, toda empolgada com as fotos que tinha visto.
Pra começar, não é sempre
que se pode fazer esse passeio. Em alguns meses do ano o acesso fica proibido
porque o que causa as cores no rio são umas plantinhas e existe uma época do ano
que elas precisam se reproduzir em paz, sem ninguém perturbando, Nessa época a
temporada é fechada.
Depois, tem o valor do
passeio. “Carim carim” $$$$.
La Macarena, a cidade no departamento de Meta onde localiza-se o rio, só pode ser
acessada por via aérea. Quer dizer... Tem acesso por terra mas a estrada é péssima, demora muito e por isso
totalmente fora de cogitação para turista.
Então sobra o avião, que
pode ser de dois modos: um daqueles pequenininhos saindo da cidade de
Vilavicêncio ou um maiorzinho, saindo de Bogotá.
Por ser mais prático e também por
medo (😀), escolhi sair de Bogotá, com o avião maior.
Mais um entrave: a única
companhia que faz o voo Bogotá/Macarena tem dias certos para ir e para voltar.
Ou seja, quem vai tem que passar no
mínimo duas noites na cidade. Foi o que eu fiz, indo na 4ª. feira e
voltando na 6ª..
Hotel? Não tem. São as casas
dos moradores que se transformam em pousadas para os turistas na época da
estação.
Pode-se até ir com tudo
organizado por agência mas as pousadas são no mesmo nível e o preço dessas agências é alto.
Fui na cara e na coragem para
arranjar tudo por lá, desde a dormida, os guias e principalmente o encaixe no passeio pra
conhecer o rio (isso é importante porque existe uma quantidade máxima de
pessoas permitida por dia).
Ao me aproximar de La
Macarena, olhando através da janela do avião, cheguei a pensar que tinha pegue
o voo errado ou então que o piloto havia se perdido. Olhava, olhava, olhava e só via mata. Nada de cidades nem de
povoados. Nada! Onde é que eu tô?! Tô indo pra onde?!
Finalmente chegamos no
pequeno aeroporto e o primeiro impacto foi de susto com a quantidade de homens do exército. Na
cidade isso é ainda mais estranho.... aqueles homens pra cima e pra baixo portando
metralhadoras como se estivessem em guerra.
Mas depois me acostumei.
Há bem pouco tempo aquela
área era ocupada pelas FARCs. Não havia turismo nenhum. Ninguém tinha
coragem de se aproximar.
O exército colombiano
chegou, os guerrilheiros foram embora e eles continuam com sua base militar na
cidade. Os moradores parecem nem se dar conta disso mas acredito que os
turistas se assustam no começo... Eu me assustei.
No aeroporto (que nada mais
é que uma pista de pouso), já estão vários guias aguardando seus grupos de
turistas que vão, grande maioria, com pacote de agência, tudo já organizado. Só eu e Wilkie sem
pacote.
Meu maior receio era não
conseguir encaixe em nenhum grupo pro passeio ao rio, exatamente a razão da minha ida.
Perguntei a um, a outro e
finalmente cheguei até uma pessoa que faz parte da associação dos guias locais
e assim, até a Doris, de quem já tinha ouvido falar em um blog.
A Doris é moradora local e,
com eficiência e honestidade, faz seus próprios grupos. Tudo é tratado com ela.
Uma casa sua (simples mas boa) foi transformada em alojamento para seus
turistas e ela monta os passeios que queremos fazer, já incluindo o guia e as
refeições. Até o transfer (de tuk tuk) do aeroporto pra sua pousada é ela que organiza. Foi maravilhoso porque conseguimos
o tão sonhado passeio e tudo se encaixou perfeitamente.
No mesmo dia da nossa
chegada a Doris perguntou se queríamos fazer um passeio lá por perto mesmo.
Fomos de tuk tuk, por uma estrada de terra, passando por riachos, sendo parados
pelo exército e chegamos a um pequeno rio. Nada demais mas foi legal.
No segundo dia, depois do
café, partimos para uma palestra e explicações na Associação. Um audiovisual para
explicar aos turistas que iriam ao rio naquele dia, sobre as normas de conduta
e de preservação do ambiente.
Eles cuidam de tudo aquilo com muita seriedade,
cuidado e consciência da importância da preservação.
Depois do filme e
explicações, cada um partiu com seus guias. Nós, a turma da Doris, éramos
quatro pessoas, dois brasileiros e dois colombianos.
Local das explicações aos visitantes |
A caminhada foi longa e
puxada. Nos recomendaram ir de mangas longas e calças compridas não somente em razão do
sol mas por causa de arbustos que poderiam nos arranhar na trilha.
Foi muita caminhada mesmo.
Uma natureza muito bonita, com cachoeiras e rios. E as cinco cores? Bem....
Vimos mais ou menos umas três .... Olha, pra ser sincera, as fotos que eu tinha
visto ficaram muito além do presencial. 😢😢
Como eles têm que dividir os
grupos entre as várias trilhas para que nenhuma fique aglomerada, nosso guia
nos disse que não fomos na mais bonita, onde as cores são mais vivas e abundantes. Como
assim? Viemos até aqui e não nos levaram no local mais bonito?
O colombiano que estava no
nosso grupo ficou fulo da vida! Não se conformava de ter feito toda aquela
viagem, ter caminhado pra caramba e não ter ido ver as cores que ele tinha
visto nas fotos. Eu também me chateei, mas fazer o quê?
Voltamos pra pousada e
depois do banho, Doris e o marido nos levaram para o jantar (incluído no
pacote) em um local que eles estão construindo para servir de pousada.
E foi assim o local da
Colômbia que eu estava com a maior expectativa de conhecer. Vi o rio das cinco
cores, mas não do jeito que imaginei.
Fora esse passeio principal,
existem outros, todos envolvendo a natureza do local, com trilhas e caminhadas.
O local é muito bonito sim, mas nada que justifique a nós, brasileiros, com tantas
belezas que temos, toda aquela viagem e gasto.
Sabe o que mais gostei? Da
cidade.
Achei muito legal aquela
cidadezinha no meio do nada, clima agradável, tranquila, sem carros e com um céu super estrelado à noite. Tipo cidade do
interior do Brasil há alguns anos.
Quando cheguei, estranhei a
falta de chaves na casa da Doris. Não tinha nem nos quartos! Depois fiquei
sabendo que lá é assim mesmo. Com todo aquele exército na rua, realmente fica
difícil imaginar roubos, furtos ou desordens...
Existem umas duas ruas
principais por onde transitam motos e tuk tuks. Quase nenhum carro.
Esqueça wi fi. O único
acesso à internet é um pequena “lan house” com computadores antigos e conexão
leeenta. Surreal, caminhar pela cidade e não ver um único ser humano grudado em seu
smartphone.
À noite, depois do jantar,
paramos em um dos vários locais com muitos jovens jogando sinuca e ficamos
observando e conversando com o casal colombiano, nosso companheiro de passeio.
Nas ruas, muitos
estrangeiros. Várias nacionalidades. Só não vi nenhum brasileiro. Engraçado
observar a cidade “tomada” por aquelas pessoas altas, loiras, falando várias
línguas, no meio de um povo simples, que aparentemente não mudou sua vida com
aquelas presenças alienígenas. E, no meio disso tudo, o exército armado,
fardado pelas ruas. Eu ficava observando tudo isso. Coisas e costumes tão
diferentes. Tudo junto e misturado, cada um na sua. Me pareceu um filme.
Por fim, fomos caminhando
pela rua deserta até nossa pousada, sem nenhuma preocupação com nada, curtindo
o céu estrelado e sem poluição.
Principal rua da cidade |
No último dia, Doris ainda
nos ofereceu um passeio de lancha pelo rio, mas teríamos que acordar cedo para
dar tempo de chegar ao aeroporto. Preferimos não ir, pois o rio seria o
mesmo, nada de novidade e anda por cima, iria ficar corrido. Melhor mesmo ficar
na cidade observando a vida passar devagar...
Entrega de leite fresco |
La Macarena |
Dicas pra quem vai:
A companhia aérea que nós
fomos é a SATENA. Ela também já vende o voo encaixado com o pacote completo: passeio, hospedagem e refeições.
Doris Mora (31349960380):
essa é a pessoa certa. Se você for a Caño Cristales, faça contato prévio com
ela para encaixe do passeio ao rio, pousada, refeições e vai estar tudo certo.
Veja Mais sobre a Colômbia: Projeto Colômbia
Bogotá e Zipaquirá
Medellin. Dois dias foram pouco
Cartagena das Índias
Mais fotos:
Taxa de entrada paga pelos turistas |
Nosso avião |
Salão de embarque/desembarque do aeroporto |
O meio de transporte mais usual: tuk tuk |
Almoço da chegada |
Primeiro contato com as cores |
Barreira militar |
Calmaria |
Nosso local de hospedagem |
E nossa bucólica vizinhança |
Explicações sobre a preservação do local |
Buñuelos quentinhos de manhã |
Rio Guayabero |
Saindo para o passeio principal ao rio das 5 cores |
Muita caminhada |
O lilás é a cor predominante |
Parada para o almoço que enrolado em folhas de bananeira |
E mais caminhadas.... |
Noite de sinuca |
Olhando a vida passar.... |
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