Fora do Brasil
existem muitas iniciativas de corredores que encaram um desafio com o objetivo
de arrecadar fundos para instituições, tanto através de doações como pela
“compra” de quilômetros. Mesmo provas grandes muitas vezes divulgam algum
projeto e destinam vagas para quem for participar fazendo propaganda de
instituições de caridade.
No nosso país
esse tipo de atitude ainda não chegou nas nossas corrida, mas vez ou outra
aparece alguém que banca uma causa, como o Carlos Dias, que corre divulgando o
GRAAC (Grupo de Apoio ao Adolescente e a Criança com Câncer).
Foi com essa
ideia na cabeça que em 2012, o Djacir e o André Menezes pensaram no Desafio
Canindé. Seriam aproximadamente 100km para divulgar a Associação Beija Flor, uma
associação sem fins lucrativos que atende crianças com deformidades faciais.
Os anos passaram,
o projeto inicial não deu certo, mas a ideia não foi esquecida, até que esse ano a
Augusta Barbosa resolveu dar uma força e colocá-la em prática.
Com a Augusta,
alguns corredores dos Contabilistas se interessaram em ajudar e correr também
e, sabendo que finalmente a corrida iria sair dos sonhos, eu me escalei pra
acompanhar e fazer parte do Desafio Canindé.
A nós juntou-se o apoio fundamental do Júnior e do Jander, que gentilmente providenciaram apoio e ajuda em Canindé.
O percurso foi
dividido em duas partes: a primeira saindo no sábado às 16h e a segunda
iniciando-se no domingo às 4 horas da manhã.
A logística foi
montada e o desafio finalmente começou no sábado com uma hora de atraso e o
Djaça partiu acompanhado nesse primeiro momento pela Augusta, Gracinha e Fábio.
Eu, Arnoldo, Giovannia e Joaquim nos mantivemos nos carros, parando a cada 5km
e dando o apoio com água e alimentação.
O clima estava
excelente pra correr, com muitas nuvens, apesar de não ter chovido em nenhum momento.
As nuvens foram
camaradas e vez ou outra se afastavam e nos deixavam apreciar a lua cheia. Lua
cheia na estrada de Canindé.
Foto com a lua |
Com a escuridão,
passamos a acompanhar o trio fazendo a retaguarda nos carros, lentamente pelo
acostamento.
Como moramos em
um país violento, o medo marcou a todos nessa noite. Carros e motos passavam deixando-nos receosos. Ninguém mexeu conosco, felizmente e, depois de certo
tempo o movimento de veículos diminuiu bastante e eu passei a me sentir mais
segura.
Acompanhando a Gracinha, nos distanciamos do carro de hidratação e o jeito foi pedir água em uma das casas. Recebidos com carinho e bom papo |
Foram 51 km noite
afora de uma estrada com muitas subidas e isso atrasou nossas previsões de
chegada ao local que a Augusta havia previamente combinado para jantarmos e
dormirmos. No lugar de 11 horas, chegamos às 2 horas da manhã!
O local de pouso
era um restaurante com um vão lateral cheio de armadores para redes
Local destinado a
receber os romeiros que fazem o mesmo percurso
caminhando para pagar promessas, principalmente no mês de outubro, festa
de São Francisco em Canindé. A grande diferença é que esses romeiros, devido ao
calor, frequentemente fazem o contrário: caminham à noite e descansam pela
manhã.
Como romeiros |
A dona do local
já havia preparado nosso jantar e nos apressamos em comer e dormir pra acordar
cedo e continuar o caminho.
Com a demora da
chegada e o cansaço, os planos de sairmos às 4 horas da manhã foram pro espaço
e só nos acordamos às 5 horas com o barulho do Rogério, Francy, Carlos e Clara,
a segunda turma que estava chegando de Fortaleza para se unir a nós no restante
do percurso.
Acordando com muito frio na noite do sertão |
Depois do café partimos todos animados, com Augusta, Clara e Arnoldo dirigindo os carros e o restante correndo.
Grupo crescido para o 2o. dia |
Fiz os primeiros
21km, sempre observando a estrada que me cercava, os sertanejos nos
acostamentos pedindo esmolas aos carros que passavam, a natureza renascendo com
as primeiras chuvas do ano.
É assim o caminho pra Canindé |
Talvez as pessoas
estejam acostumadas com os caminhantes, motoqueiros e ciclistas que fazem o
percurso em direção à Canindé, mas corredores, me pareceu que não é algo muito
comum, pois sempre nos olhavam com uma cara surpresa....
"Esse povo correndo só pode ser maluco...." |
Depois de
completar minha meia maratona, com paradas de apoio a cada 4km, voltei ao carro
e nessa hora o sol abriu com força total.
Faltando ainda
uns 30km pra chegada, o grupo do Júnior, dessa vez vindo de Caridade, juntou-se
a nós.
Turma de Caridade/Canindé |
O atraso na
programação, o calor forte, a preocupação com a volta e o frei Marconi que nos
aguardava na basílica para nos receber com sua bênção foram fatores que pesaram
e nos fizeram abortar 22km do percurso que ainda faltava ser feito.
Imprevistos
acontecem e todos nós entramos nos carros para pararmos na entrada da cidade, onde a maior parte do grupo continuou andando até a basílica, chegando todos com
grande emoção para a bênção do frei.
Ao final, um
delicioso almoço providenciado pelo Jander, Júnior e sua esposa Arleíse e finalmente retornamos exaustos para Fortaleza.
Foram 85km,
corridos em sua totalidade pelo Djacir, Fábio e Gracinha. Parabéns, guerreiros!
Quilômetros
de muita camaradagem e companheirismo entre todos, que com certeza ficarão
guardados na memória e no coração de cada um de nós.
Foi um desafio no qual cada qual tomou parte de uma maneira especial mas que não teria sido da
maneira que foi sem a ajuda da Augusta Barbosa, do Júnior, Arleíse e Jander.
Mais uma vez muito obrigada.
Parabéns a todos e em especial ao Djacir, que levou à frente esse sonho.
Parabéns a todos e em especial ao Djacir, que levou à frente esse sonho.
Para finalizar,
seguem fotos e um vídeo, com a música que durante todos os 85km (principalmente os
21 que fiz correndo) me acompanhou e não poderia ser outra como trilha sonora
desse desafio.
Segue também o
site da Associação Beija Flor pra interessados em apoiar, seja com fraldas,
alimentos ou depósitos bancários: http://www.associacaobeijaflor.org/
Foto antes da saída |
Hora de parar |
Café da manhã |
Nosso local de dormida |
Simbora de novo! |
O renascimento da natureza com as primeiras chuvas no sertão |
Parada pra hidratação |
Liberando meu "motorista" pra correr também |
Com meu "motorista" |
Casal 20 |
Um brinde. Nós merecemos! |
Procurando o melhor ângulo |
Os três guerreiros |
E o merecido descanso |
Sala dos milagres |
11 comentários:
Lia tudo muito bem descrito, video show!
Augusta
Parabéns Lia, mais um bonito relato de suas aventuras e dessa vez com a nossa participação. Obrigado pelo carinho.
Rogério
As vezes, a saudade é mais forte que percorrer a distância... Amei Lia Campos
Djacir
Lia, ficou perfeito, emocionante com essa música... Parabéns!
Clara
Foi massa demais, adorei participar.
Arnoldo
Se o que você está percorrendo é o caminho dos seus verdadeiros sonhos,
comprometa-se com ele.
Lia Campos eternizando momentos e me fazendo chorar com as palavras, ...
Muito obrigado Augusta Barbosa, Francy Magalhaes Clara Lopes Manoel Djacir Braga Rogerio Nascimento Carlos Magalhaes Arnoldo Lima Gracinha Das Barbosa Junior Martins e sua esposa, Correndo o Mundo Fabão, Joaquim, ...
Giovannia
Parabenizo a TODOS que concretizaram o DESAFIO, em especial ao Amigo e irmão Manoel Djacir Braga. Não posso esquecer TODOS que fazem a Família dos Contabilista e Lia Campos pela excelente montagem do vídeo, que mostro a realidade do Desafio.
Luiz Carlos
Q lindo... Saudade da minha terra!
Zenilda
Momentos emocionante que passamos juntos.... Obrigada Lia Campos!!!
Francy
O que não te desafia, não te transforma. Projeto Canindé com Fé, um sucesso. Uma grande aventura. Manoel Djacir Braga, Augusta Barbosa, Giovania Vasconcelos, Lia Campos, Arnoldo Lima, Francy Magalhaes, obrigado a todos pela visita.
Júnior
Lia.
Um abraço no seu coração.
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