Belém do Pará não era
desconhecida para mim.
Estive na cidade pela
primeira vez há uns bons anos, com meus pais, mas dessa época não guardo muitas
lembranças.
Já na segunda vez, em 2001,
cheguei inclusive a ter planos de morar uma temporada, permanecendo por lá um
mês.
Houve dois fatos muito
marcantes dessa época.
O primeiro foi que, em plena
organização do que seria meu futuro apartamento, vi, estupefada, ao vivo e em
cores, o avião se espatifar no momento exato sobre a segunda Torre Gêmea em
Nova York.
O segundo foi um fato
pessoal que muito me marcou e me fez pensar que nunca mais regressaria à cidade
que tinha, em tão pouco tempo, me deixado boas impressões.
Fora esses dois momentos tão
marcantes, o Pará, e consequentemente Belém, é lembrado por mim pelo açaí, pela
Fafá de Belém, pela sua farinha, pela castanha do Pará, pelo cupuaçu, pelo carimbó
do Pinduca, do Alípio Martins e da lambada do Beto Barbosa (atire a primeira
pedra quem, “em anos passados” não dançou o “Carimbó do Macaco” ou não cantou “quero
gozar, a vida com você.....” hahahah. Bom demais!!!!).
Mas Belém é muito mais do
que isso.
Como bem disse o Ricardo
Freire, do blog que gosto muito, Viaje na
Viagem, “Belém é a cidade
mais incrível que o Brasil ainda não descobriu”.
Nada tão certo!
Belém, além da infinidade de
sabores diferentes, passando pelos peixes de água doce (o filhote é meu
preferido!), o famoso pato no tucupi, o tacacá e a grande variedade de frutos,
recebeu este ano o título internacional de Cidade Criativa da Gastronomia, concedido
pela Unesco.
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Fartura gastronômica |
Com tanta diversidade na
gastronomia, bons restaurantes por lá não faltam. Não tivemos tempo de conhecer
todos, claro, mas indico demais os que fomos: Manjar das Garças, Point do Açaí,
Remanso do Bosque, Lá em Casa, Roxi Bar e Restô do Parque.
Parênteses aqui para a
sorveteria Cairu, com várias lojas pela cidade e um dos sorvetes mais gostosos
que eu já provei!
E pontos turísticos? Só o
Ver-o-Peso?
Nada disso.
O Ver-o-Peso, considerado o
maior mercado ao ar livre da América Latina, sem dúvida nenhuma continua sendo
uma atração imperdível.
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As torres do Mercado de Ferro, que faz parte do Ver-o-Peso |
Eu adorei passear pelas ruas
estreitas entre as suas barraquinhas, que parece mais uma loja de
departamentos: tem a parte das frutas, a das farinhas, a das castanhas, a das
raízes e “gororobas” pra tudo quanto é dor e mandinga, a dos artesanatos, a dos
peixes....
Enfim! Pra quem gosta de
mercado é um prato cheio!
Continuando pelo centro, em um
quadrilátero ao lado do mercado ficam a bonita catedral, a Casa das Onze
Janelas, casarão de um antigo senhor de engenho e o Forte do Presépio (ou Forte
do Castelo), local com visual muito bonito.
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Visual do Forte do Castelo |
Mas Belém tem também, e isso
já há algum tempo, a Estação das Docas.
Situado na Baía do Guajará, o local antes era parte do Porto de Belém e
foi revitalizado, virando um lindo complexo gastronômico e cultural, com bons
restaurantes e bares, dentre eles o Amazon Beer, fabricante da cerveja
artesanal local multi premiada e deliciosa, a base de bacuri, açaí, taperebá,
etc.
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Estação das Docas |
O Mangal das Garças é um
lugar lindo! Um parque ecológico com muita vegetação, aves soltas, camaleões,
borboletário, orquidário, restaurante e um observatório de 47 metros de onde se
tem uma vista de 360º de Belém.
Recentemente foi inaugurado
o Portal da Amazônia, com a extensão de aproximadamente 1km na orla do rio
Guamá. Aos domingos a pista é interditada para os carros e os patins, skates e
pessoas tomam conta do espaço. Ao lado do Mangal, vale a pena uma passada. Fui
rapidamente para um treino na manhã de terça feira.
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Portal da Amazônia |
Um espaço menor, de frente pra
Baía do Guajará, o Ver-o-Rio também é uma boa opção para um bonito por do sol
com barraquinhas de comidas típicas.
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Ver-o-Rio |
Eram tantos os passeios
programados para Belém, que não foi possível incluir Marajó, a maior ilha
fluvial do mundo, mas fomos a Icoaraci, distrito de Belém, distante uns 20km da capital, de onde saem as balsas
para Marajó e onde fica um polo das famosas cerâmicas marajoaras.
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Por do Sol em Icoaraci |
O Museu Emílio Goeldi estava
tal e qual eu o vi em 2001, com plantas e árvores amazônicas e bichos, com a
exceção de um local pra exposição. A que estava ocorrendo era sobre uma tribo
indígena no Maranhão, bastante interessante. Tirando essa exposição, acho que
foi o único passeio que achei que valeu a pena mais para as crianças mesmo.
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Museu Emílio Goeldi |
A antiga cadeia pública, em
funcionamento até 2001, atualmente abriga outro espaço cultural com o Museu de
Gemas do Estado e a Casa do Artesão. É o Espaço São José Liberto, com vários
quiosques para adquirir joias, além de artesanato local.
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Espaço São José Liberto |
Não posso deixar de
mencionar a Basílica de Nazaré, palco principal do Círio, que ocorre anualmente
no mês de outubro, reunindo 2 milhões de pessoas, sendo a maior festa religiosa
do Brasil.
Belém é tudo isso e com
certeza é muito mais.
Cidade com cerca de 1,5
milhão de habitantes, ainda guarda em suas ruas bonitos casarões do ciclo da
borracha. Alguns entregues ao descaso, mas outros bem cuidados e muitos
servindo de sede a instituições públicas.
Juntamente com pracinhas que conservam
seus coretos, achei bonito ver essa mistura de séculos pelas ruas e muito legal
os belenenses preservando sua história.
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Lindo coreto da Praça Batista Campos enfeitado para o Natal |
A chuva na "cidade das
mangueiras" (soube que são 5 mil. Quem as contou eu não sei. “Só sei que é
assim”) é também
famosa. Tinha ouvido que na cidade era comum a expressão “antes ou depois da
chuva”, mas durante os dias em que lá estive, ela só apareceu uma vez e foi
breve. Efeitos do aquecimento global.....
Belém foi um passeio
maravilhoso não somente por todos esses atrativos que narrei, como pelo fato de
tê-los aproveitado ao lado de irmão, cunhada, sobrinhas e minha caçula,
excelentes companheiros de viagem e ainda por cima de ter tido a companhia do
Rocha, amigo cearense que reside na cidade há alguns anos e que foi peça
fundamental nessa minha REdescoberta de Belém. Obrigada pela hospitalidade,
Rochinha.
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Nossa trupe ciceroneada pelo rocha |
E, Belém, foi tão bom que,
mesmo já tendo feito minha corrida por lá, voltar pra correr a prova do Círio até que seria
uma boa.....
Dicas para quem vai:
Hotel:
ficamos no Atrium Quinta das
Pedras, hotel muito bom, vizinho ao Mangal das Garças.
Época de ir:
é certo que a chuva de Belém
é conhecida, mas procure pelo menos não ir no inverno (janeiro a junho) pra não
correr o risco de não poder nem sair do hotel.
Restaurantes:
Manjar das Garças: fica no
Mangal das Garças. No almoço é buffet com comidas paraenses e outras, além de
sobremesa. É caro, mas o ambiente é muito agradável e quando fomos tinha música
ao vivo.
Point do Açaí: situado em
frente à Estação das Docas em um lindo casarão antigo. Mais uma vez ficamos na
comida paraense, regada a açaí (claro!) e achei tudo uma delícia!
Roxy Bar: apesar da tradição
de 25 anos, é um bar/restaurante descolado e “da moda”. Comida muito boa.
Remanso do Bosque: comida
mais sofisticada com ingredientes da Amazônia, sob o comando do chef Tiago
Castanho. Imperdível.
Lá em Casa: situado na
Estação das Docas, bom local pra provar o tacacá ou peixes locais, apreciando a
Baía do Guajará
Restô do Parque: buffet a
quilo, fica pertinho da Basílica de Nazaré e do Museu Emílio Goeldi. Além de
comida gostosa, vale pela visita ao local que já foi residência oficial de
governadores do estado.
Mais fotos:
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Nossa recepção em Belém: carimbó na Estação das Docas |
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Tacacá |
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Provando o tacacá |
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Interior do Forte do Presépio |
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Vista do Ver-o-Peso, a partir do Forte do Presépio |
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Catedral |
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Hora da sesta |
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Barraca de frutos no Ver-o-Peso |
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Mercado de peixes no Ver-o-Peso |
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As ervas e garrafadas |
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Tem pra tudo! |
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A castanha do Pará dentro de seu coco |
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Descascando |
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E pronta! |
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Setor das refeições no Ver-o-Peso |
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Mangal das Garças |
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Restaurante Manjar das Garças |
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Muito boa! |
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O famoso açaí in natura |
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Um camaleão imitando o outro |
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Borboletário do Mangal das Garças |
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Qual a de verdade? |
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Portal da Amazônia visto do mirante do Mangal das Garças |
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Restaurante Manjar das Garças visto do mirante |
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Visão do borboletário com as garças em cima |
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Os camaleões roubando a ração das marrecas - Mangal das Garças |
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Museu Emílio Goeldi |
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Coreto na Casa do Governador (Restô do Parque) |
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Pato no tucupi, farinha do Pará e Maniçoba |
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Exterior do Restô do Parque (Casa do Governador) |
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Fachada de casarões antigos |
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Interior do Point do Açaí |
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Filhote com açaí |
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Orla de Icoaraci |
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Icoaraci |
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Portal da Amazônia |
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Enquanto uns remam.... |
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Outros correm |
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Polo joalheiro |
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Filet Marajoara no Remanso do Bosque |
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Mais Filhote |
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Ver-o-Rio |
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Por do sol na Estação das Docas |
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Sorveteria Cairu. Delííícia!!! |
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Interior da Estação das Docas |
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Escuna que faz o passeio pela orla |
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Amazon Beer da Estação das Docas |
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Por do sol sempre lindo |
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Palco suspenso e itinerante no interior da Estação das Docas |
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Minha companheira de viagem |
6 comentários:
Quem quiser conhecer Belém basta ser seu blog, você é uma guia turística Lia
Arnoldo
Olha... Acho que eu nunca havia lido uma postagem tão completa sobre Belém.
É de fazer fazer inveja à qualquer matéria turística feita por gente especializada no assunto.
Um Forte Abraço!!!
Volte sempre.
Fiquei com inveja de não ter ido também.
Mas,um dia retornarei com mais calma,para apreciar tudo isto.
Pai
Fiquei com inveja de não ter ido também.
Mas,um dia voltarei a Belém para rever todas essas maravilhas.
Os comentários estão maravilhosos.
Beleza pura.
Pai.
Além de sua formação acadêmica em turismo, você tem uma facilidade incrivel em descrever suas viagens e corridas de forma leve e atraente! Parabéns!
Eita Rocha !!!! Agora fiquei orgulhosa com o elogio!
Obrigada e beijos
Lia
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