Medellin entrou no meu
roteiro por pura curiosidade
Não uma curiosidade pela
cidade em si, mas pela transformação pela qual ela passou nos últimos anos, deixando o título de
“cidade mais violenta do mundo” que ganhou em 1988 para ser hoje uma cidade transformada.
Antigamente dominada pelo
tráfico e delinquência, a taxa de homicídios era de 440 por 100 mil habitantes.
Para efeito de comparação, a média mundial é de 10/100 (!). Atualmente, a
campeã de homicídios no mundo é a hondurenha San Pedro de Sula, com 187/100 mil
e a minha Fortaleza, 8ª. colocada nesse triste ranking no ano de 2014, quase
80/100 mil.
Meu interesse nisso? Ver de
perto essa mudança. Ver que é possível e sonhar e acreditar que um dia nosso
país, mergulhado na violência do dia a dia, com 19 das 50 cidades mais
violentas do mundo, possa vir a mudar também. É “só” querer.
E o “querer” de Medellin
passou, principalmente pela educação (claro que também pela repressão, no caso
com ajuda dos EUA) com o aumento do orçamento de 3% para 25% nesse setor.
Bibliotecas, parques, centros culturais foram criados em locais antes dominados
pelo tráfico, lixões e áreas excluídas.
O que eu vi na 2ª. maior
cidade da Colômbia, com seus mais de 3,5 milhões de habitantes?
Vi uma cidade bem
“misturada” socialmente. Pensando em encontrar um local dominado inteiramente
pelas favelas que sempre vi em fotos, me surpreendi com bairros chiques, carros
caros nas ruas, restaurantes e bares como qualquer outra metrópole de primeiro
mundo.
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Zona nobre de Medellin |
Por outro lado, bairros de
população extremamente humilde, como o Santo Domingo , ou mesmo no centro da
cidade, na Plaza Botero.
Muitos camelôs nas praças,
nos parques, a grande maioria vendendo comidas, sucos, frutas, em uma
verdadeira farra de cores e sabores diferentes para mim.
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Plaza Botero |
Estive na cidade em um fim
de semana que se prolongou com o feriado de independência do país na
segunda-feira e deu gosto de ver as pessoas ocupando os espaços públicos como
praças e praças. Sempre muitas crianças brincando, pessoas fazendo piquenique, concurso
de dança. Enfim! Vi pessoas nas ruas se divertindo.
Violência? Claro que ainda
existe (hoje a cidade tem uma taxa de homicídio menor que 40/100 mil
habitantes), mas não vi. E não achei que ninguém aparentemente estivesse
preocupado com isso. Vi muitos, muitos policiais sempre em todos os lugares.
Acho que mais policiais que em Bogotá.
Medellin me chamou a atenção
também pela educação das pessoas. Vendedores, taxistas, recepcionistas, todos
tinham sempre palavras de atenção e educação. Somente depois fiquei sabendo que
a cidade se orgulha dessa educação e tem por lema "Medellín, la más educada”.
A capital da Antioquia é
conhecida como a cidade da “eterna primavera” e a “Feira das Flores”, evento
que se estende por uma semana com exposições, desfiles, shows é famosa
(infelizmente aconteceu poucos dias depois que eu saí da cidade).
Para quem quiser ir também
para correr, a Maraton de Las Flores está ganhando fama (http://maratonmedellin.com/) e
me parece ser uma boa pedida.
Eu fiquei hospedada no
bairro El Poblado, uma região bonita e cercada de bares e restaurantes muito
bons.
Mas meu passeio começou por
muita caminhada pelo centro da cidade, com início pela Plaza Pies Descalços, um
local aparentemente bem popular, lotado de crianças tomando banho nas fontes e
brincando na areia.
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Plaza Pies Descalzos |
Seguindo caminhando chega-se
na famosa Plaza Botero, com o Parque das Esculturas de Fernando Botero, o mais
famoso medelhinense (assim como Pablo Escolbar.... ).
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Escultura de Fernando Botero |
Na praça, turistas se
misturam com os vendedores e é lá também que está o Museu de Antioquia, com
mais obras de Botero e Pedro Nel Gomez, outro artista local.
Ali perto também fica o
Parque de Las Luces, uma praça com 300 postes luminosos.
O Parque Explora é um
complexo grande de ciência e tecnologia, interativo, moderno, com aquários,
exposições, cinema 3D e localiza-se em
outro local da cidade, ao lado do Planetário e de outra praça bastante
movimentada o Parque de Los Deseos, com mais barraquinhas de comidas variadas e
a criançada com suas famílias sempre se divertindo.
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Aquários no Parque Explora |
Mas, pelo menos pra mim, o
que mais caracteriza Medellin é o bairro
de Santo Domingo, com sua favela encrustada na montanha de onde se sobe pelo
teleférico (metrocable) por incríveis 4,5 km, num passeio com duração de 17
minutos até o Parque Arví.
Ir até Santo Domingo
primeiramente de metrô e depois de ônibus normal de linha, por si só já foi um
programa diferente. A favela, não sei
bem se pode ser chamada de favela. São casas simples, de alvenaria, tal qual
como se vê em fotos. Pessoas humildes pelas ruas. Ruas limpas. Nenhum sinal de
violência. Pessoas comuns. À medida que
o teleférico ia subindo, a temperatura ia esfriando e as casas iam ficando mais
pobres, mais distante umas das outras, aí sim, mais parecidas com nossas
favelas.
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O metrocable sobre as casinhas de Santo Domingo |
Na parada final do
metrocable, 2200m acima do nível do mar, o Parque Arví oferece além de trilhas
com guias (gratuito), uma feirinha com comidas e um pouco de artesanato.
Pode-se chegar ao Parque Arvi de ônibus, mas pelo que me informei, é um
percurso demorado e com muitas curvas.
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Parque Arví |
Com certeza Medellin (que
eles pronunciam Medejim) foi para mim a grande surpresa da viagem. Gostei da
cidade, da suas misturas e não é à toa que ouvi diversos colombianos a
elogiando e dizendo que lá que deveria ser a capital do país.
Dicas para quem vai:
Como sair do aeroporto: Medellin
tem 2 aeroportos. O maior e mais utilizado é o José Maria Córdova que fica
afastado da cidade (35km) então, a opção mais econômica é pegar o ônibus
executivo do aeroporto (9 mil pesos – uns R$ 12,00), e, 1 hora depois, descer no
Shopping San Diego de onde você pode pegar taxi pro seu hotel.
Hotel: Hotel In House (http://www.inhousethehotel.com/).
Hotel
pequeno, mas muito bom, com excelente localização, no bairro El Poblado.
Recomendo.
Metrô: excelente sistema de
metrô e fácil de usar.
Parque Arví: o metrocable se
pega na estação de Santo Domingo e, para chegar até essa estação, você pode ir
de metrô. Como parte dessa linha de metrô estava em manutenção quando fui,
acabei utilizando também ônibus de linha comum, o que acabou sendo uma
experiência legal, pois o ônibus (bem popular) andou pelas ruas do local,
subindo os morros e eu pude observar de perto o movimento , coisa que não teria
feito se tivesse ido somente de metrô.
Em Santo Domingo é de onde
parte o teleférico até o Parque Arví.
Se sua intenção for fazer a
trilha guiada, vá com tempo, pois ela é demorada (3 horas).
4 comentários:
Charmosa Medellin! Do Poblado a Santo Domingo, da Plaza Pies Descalços ao Parque Explora, do Metrocable ao Parque Arví. Viajei de novo nessa gostosa narrativa...
Teus posts me fazem passear pelas cidades por onde vc passa.
Rita
Excelente... Texto convidativo, fotos bonitas, etc. Realmente muito interessante e muito sensato querermos ver Fortaleza caminhar (um dia) na mesma direção...!!!
Li o seu texto e me deu uma vontade de ir lá. Vc poderia escrever em guias turísticos tb. . Beijos
Bernadeth
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