Depois de 18 dias, quando
meu único movimento que tenha “parecido” correr foi a Meia Maratona de Bogotá,
voltar aos treinos e conseguir completar 8km ainda que em um ritmo pra lá de
DQP (devagar quase parando), foi pra mim um grande alívio, pelo fato de ter
visto que, mesmo que os 7 dias anteriores à prova, sem treino e com má
alimentação, tenham afetado o meu desempenho, cheguei à conclusão que o grande
responsável pelo meu maior fracasso em todas as 35 meias maratonas das quais
participei foi de fato a altitude de 2600 da capital da Colômbia.
A Meia Maratona de Bogotá é
a única prova da América Latina que tem o selo ouro outorgado pela IAAF
(International Association of Athletics Federations), órgão que gera o atletismo
a nível mundial.
Para obter selo ouro a competição tem que atender a alguns requisitos como a organização geral, medição do percurso, segurança e atendimento médico.
Para obter selo ouro a competição tem que atender a alguns requisitos como a organização geral, medição do percurso, segurança e atendimento médico.
A prova da capital
colombiana me atraiu não somente em razão do selo ouro, mas também pela experiência
que eu queria ter de correr em altitude, já que a única vez que me aventurei
nas alturas tinha sido em Arequipa, no Peru, a 2300m, mas em um treino curto
onde não tive problemas e, depois de dias no Peru, já estava habituada à
altitude (aqui o relato: http://liaccampos.blogspot.com.br/2012/05/treino-em-arequipa-peru-2300m-altitude.html).
Já nos 21km da prova de
Bogotá foi tudo muito diferente!
Pra começar, a prova
realmente é toda muito bem organizada.
Apesar da propaganda oficial
de mais de 40 mil inscritos, segundo as análises de um site, apenas 11238
corredores finalizaram os 21km, enquanto que 17388 chegaram ao final dos 10km,
totalizando 28626 atletas.
A feira da entrega foi em um
centro de exposições grande e, pra mim, foi de longe a maior expo de uma prova
que eu já tinha visto. Com dois andares, tinha estandes de tudo: de panelas a plantas e “até”
material esportivo (rsrs) como as grandes marcas Asics, Mizuno, Nike, New Balance, Garmin,
Polar, etc. De tudo mesmo. Pode imaginar. Apresentações musicais, pracinha de
alimentação.... Tudo.
Expo |
De clima sempre constante
(por volta de 15oC) por causa da altitude, a prova teve largada tarde: 9:30h para os 21km e 10:30h pra os 10km.
Outra coisa que eu nunca
tinha visto: com largada no Parque Simón Bolívar, em um estádio grande, a
entrada de TODOS os atletas era por acessos controlados por fiscais que
verificavam de um por um e só deixavam entrar quem estivesse com número de
peito. Isso.
Os familiares e
acompanhantes dos corredores só podiam entrar no estádio 1h hora depois que
a turma do 21km tivesse largado e na hora da largada dos 10km.
Modo de evitar possíveis pipocas ??? Não sei mas o interior do estádio já estava lotado quando eu entrei, às 9 horas.
Modo de evitar possíveis pipocas ??? Não sei mas o interior do estádio já estava lotado quando eu entrei, às 9 horas.
Devido ao friozinho tive
vontade de ir ao banheiro, algo raríssimo de acontecer comigo em provas. No
meio daquela multidão achei banheiros com filas bem grandes e passei mais de 20
minutos em uma delas. Ao sair me confundi totalmente. Não tinha visto com
antecedência o local da partida e não ouvi nenhum anúncio ou chamamento para a
largada dos 21km. Fiquei confusa e percebi que a multidão que continuava ali
fazendo aquecimento eram os corredores de 10km. Comecei a perguntar a todos
onde era a largada, inclusive a alguns atletas da meia (também perdidos) e....
ninguém sabia!
Foi sinistro. Pensei em
ficar e correr com o pessoal dos 10.
Enquanto isso o tempo
passando, quando finalmente um policial me indicou o local da largada, que
àquela altura, 15 minutos depois, já não havia nenhum corredor.
Mais uma novidade pra mim:
largar atrasada e na lanterna.
Logo no começo comecei a
sentir os efeitos da altitude, mas a vontade de alcançar as pessoas e deixar de
ser a última e os torcedores que estavam nas ruas me empurraram e não deixei
meus pulmões vencerem esses primeiros 2km.
Foram os únicos que corri sem parar em toda a prova!
Foram os únicos que corri sem parar em toda a prova!
Visão da prova pela corredora lanterna: eu! |
Depois de deixar de ser a última e
ser vencida pela altitude, dali pra frente me esforcei ao máximo “o próximo km você
fará todo sem andar”, mas sempre era vencida pelo cansaço e falta de ar ( e olha que o percurso era plano!).
Ao ver que não tinha jeito
mesmo, relaxei e não me cobrei mais.
A prova é realmente muito
organizada. Hidratação de água e isotônico a cada 2km, faixa exclusiva para os
corredores, diversas tendas médicas (sempre com pessoas sendo atendidas!) e
policiais, muitos policiais posicionados por toda a extensão dos 21km!
O percurso, não posso dizer
que é bonito, mas, como sempre, gostei de ter a oportunidade de observar a
cidade. Passamos por vias interditadas para as bicicletas, com muita gente pedalando
e se divertindo e passamos por parques, além de zonas residenciais. Muitos torcedores pelas ruas dando força e incentivando os corredores.
Me chamou a atenção a
quantidade de pessoas que como eu, caminhavam. Seriam pessoas que teriam se
inscrito sem preparo suficiente para os 21 ou pessoas que, como eu, não tinham costume com a altitude? Não sei,
mas a organização falou em representantes de 40 países e com certeza também
havia corredores de outros lugares da Colômbia que deveriam viver em lugares
mais baixos.
Outra coisa interessante que
achei foi que, além de terem largadas em horários diferentes, a prova de 21km
tinha o percurso pra um lado, enquanto que a de 10 era pra um lado totalmente
oposto. Ou seja: os corredores das duas distâncias só se encontraram na hora da
chegada.
E que chegada!
Consegui a proeza de fazer
minha meia maratona mais lenta, mais até que minha pior prova (também uma meia)
em que me lesionei e só não pedi arrego a uma ambulância porque não vi nenhuma
(veja aqui http://liaccampos.blogspot.com.br/2012/05/medio-maraton-de-valencia-novembro-2010.html ).
Depois de 2h45min cheguei a
um estádio praticamente todo azul de tantas pessoas, pra receber água e
isotônico. Nada de lanchinho e a medalha, pra fazer jus ao selo ouro, bem que
merecia ser melhor....
E assim foi minha Meia
Maratona em Bogotá.
Das duas uma: ou eu nunca
mais me meto a correr em altitude superior a 500m ou eu volto bem mais treinada
pra ir à forra.
Valeu Bogotá!
Dicas pra quem vai:
- se você for diretamente do
aeroporto pra feira de eventos (como eu fiz), dá pra ir de Transmilênio (o BRT
da cidade). É bem fácil (veja as dicas no próximo post, o de Bogotá) e a parada
fica a umas duas quadras da feira
- reserve tempo pra feira.
Vale a pena, nem que seja só pra olhar e curtir.
- veja com antecedência o
local exato da largada e fique atento. Não vá vacilar como “certas pessoas”.
- hotel : claro que existem
milhares de opções. Escolhi o meu pela proximidade da largada e por avaliações
no Booking e Tripadvisor, mas é um hotel muuuuito simples. Tipo “cama e banho
quente”. Porém é limpo, decente, barato (+ ou - R$ 140,00) e as pessoas que trabalham nele são uns
amores, sempre dispostas a ajudar e ensinar com muita simpatia. Então, se você
não é de luxos: Portofino Hotel http://hoteles-en-bogota.com/
Fotos:
O local da feira da entrega dos kits |
Na feira, o palco de apresentação de música. E eu segurando a bola do meu pace. Em sonho. |
Pórtico de chegada |
Bogotá e seus viadutos, policiais e ônibus do Transmilênio |
Lindo grafite! |
Tendas médicas sempre cheias |
Depois de 3 horas de dada a largada, o estádio ainda estava lotado |
Meu lanche pós prova |
2 comentários:
Parabéns! Vencer desafios revigora a alma!
Leila
Que lindo! VC me mata de inveja (boa) RS RS, e quem disse que 2h45min é tão ruim! Eu já fiz uma aqui em Salvador com esse tempo, por causa de umas câimbras! Parabéns, viu! Sem palavras! VC é d+!
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