E o dia de hoje, 8 de
março, é dedicado a nós, mulheres.
Por outras
razões, bem diversas do esporte, mas foi na área esportiva, especificamente na
corrida de rua, que fui em busca de histórias femininas.
Uma das mais
lembradas e, do meu ponto de vista, uma das mais interessantes, é a da americana Kathrine Switzer, conhecida
como a mulher que mudou a história quando entrou “escondida” na Maratona de
Boston em 1967, época em que as mulheres
nem sonhavam em participar da
competição.
Quando tinha 12
anos, Kathrine resolveu ser líder de torcida mas não teve a aprovação de seu
pai, que achava que a filha deveria fazer algo mais "nobre" e a incentivou a praticar esporte.
Entrou então para o
time de hóquei no colégio e como corria diariamente, foi convidada a integrar
uma prova masculina de cross country que precisava de mais um integrante.
Na universidade,
como não havia time feminino, treinou no time masculino de cross e foi lá que conheceu Arnie Briggs, um
maratonista que já havia participado de 15 edições da Maratona de Boston e a
incentivou a participar da prova.
Foi então que, aos 20 anos, Kathrine inscreveu-se na maratona com o nome de K.V. Switzer.
No dia da
corrida, os outros corredores, apesar de surpresos a apoiaram e os fotógrafos, quando a viram correndo,
gritavam espantados “tem uma garota na corrida!”.
Mas o diretor da
prova não gostou nada de vê-la correndo entre os homens e foi gritando em sua direção para
que ela parasse e tirasse seu número de peito.
O momento em que o diretor da maratona tentou retirar Kathrine da prova |
Ao ver a cena,
seu namorado conseguiu empurrar o diretor, enquanto os outros corredores a “escoltaram” e Kathrine continuou correndo, terminando os 42
km em 4:20 horas.
Depois
disso, somente em 1972 as mulheres puderam finalmente fazer parte da prova mais nobre do
atletismo e a primeira maratona
oficial feminina foi nos Campeonatos da
Europa de Atletismo, em 1982, vencida pela portuguesa Rosa Mota.
Enquanto em 1967
Kathrine Switzer sobressaiu-se por correr em uma maratona até então
somente para homens, nas olimpíadas de Londres em 2012, as estrelas foram as
mulheres de nações muçulmanas que estavam ali pela primeira vez representando
seus países, quebrando barreiras, preconceitos e entrando para a história, como a corredora de 800m da Arábia
Saudita Sarah Attar, que correu usando mangas compridas, calça e véu, o hijab,
e, mesmo chegando por último e bem atrás de todas as outras, foi aplaudida
pelas 80 mil pessoas presentes no estádio.
Atualmente
milhares são as mulheres corredoras em todo o mundo.
Nos EUA as corredoras já ultrapassam os corredores, representando 53%!
No Brasil, ainda falta muito para alcançarmos esse
número, mas, de acordo com o
Departamento de Corridas de Rua da Federação Paulista de Atletismo (FPA), nos
últimos cinco anos o número de mulheres participantes de eventos subiu 101,86%. Boa notícia.
Então,
todo o mundo comemora hoje o dia da mulher, o nosso dia.
Comemoração essa que acho injusta,
porque convenhamos, para as corredoras
ou não corredoras, mas nós, mulheres lutadoras, que frequentemente precisamos “matar um - ou mais - leão por
dia”, conciliando tarefas particulares, domésticas, maternas, conjugais, etc,
etc, etc, deveríamos receber os parabéns não apenas no dia 8 de março, mas em
todos os outros 364 dias do ano.
Grande corredora, Paula Radcliffe, atual recordista mundial da maratona |
2 comentários:
Pensei que você tinha se enganado na data, 1967. É muito recente mesmo a participação da mulher em maratonas.
A participação das mulheres não só em maratonas, mas em várias outras coisas na nossa sociedade é bastante recente.....
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