sexta-feira, 11 de maio de 2012

Medio Maraton de Valencia - novembro 2010


“Após meus irmãos e pais terem decidido que iríamos comemorar os 70 anos de minha mãe em uma viagem por Portugal, foi minha vez de correr para a internet e procurar uma corrida de rua pela Europa na mesma época. Logo após a data do aniversário encontrei a  20ª. MEDIO MARATON DE VALENCIA, na Espanha, no dia 21.11.2010 (www.mediomaratonvalencia.com).




A prova deste ano bateu recorde de inscritos, com 8.000 corredores. Fiz minha inscrição (16 euros) e estava tudo certo. Após uma maratona de 8 dias de muito bacalhau, vinho, doces portugueses e fados, muitos fados, por Lisboa, Sintra, Cascais, Porto e Coimbra (que maravilha, que é Portugal!), cheguei viva em Valência. Durante esses dias vi poucos corredores pelas ruas de Portugal e bem que pensei em treinar, mas, devido ao frio, minha intenção não passou de pensamento…
Chegando em Valência, fui direto pegar meu kit na “Feria Del Corredor”, na Marina Real Juan Carlos, mesmo local onde em 27 de junho ficaram as escuderias do Grande Prêmio de F1, na zona marítima de Valencia. A feira tinha poucos quiosques de material esportivo, sendo o maior o da Adidas, patrocinadora da prova.



Com meu “dorsal” na mão e o chip (pelo qual tive que fazer um depósito de 5 euros – reembolsável após a prova), fui pegar a sacola do corredor, com a camisa da prova e alguns brindes (bolsa, desodorante da Adidas e amostras de perfumes e batom da Dior. Que chique!).






A feira estava pouco movimentada e o que me chamou  atencão foi a grande quantidade de corredores do sexo masculino, o que foi confirmado durante a prova. Pouquíssimas mulheres em comparação aos homens.



No domingo, acordei cedo. Já sabia direitinho qual metrô pegar, então, tentando evitar ao máximo o frio durante o tempo de espera pela minha largada, ainda fiquei no meu quarto, me aquecendo, por quase 1 hora.
Saí sozinha do hotel antes das 8 horas (a largada seria às 9:30). A rua, que na noite anterior estava lotada e barulhenta, a essa hora, com o nascer do sol e 11oC, estava completamente deserta.
Na estação do metrô, apenas 3 pessoas com seus garmins e chips nos tênis. Pronto. Estou na minha praia. O trem chegou lotado de corredores, todos muito silenciosos e quietos.


Incentivo
Na largada, ainda passei mais de 1 hora aguardando e observando o movimento dos corredores friorentos, se aquecendo e conversando e resisti o quanto pude para tirar minha vestimenta de cearense (casacão, gorro, cachecol, jeans), entregar na “guarda ropía” e ir para a “saída” com todos.







Largamos. 13oC durante todo o percurso, mas com certeza a sensação térmica era de menos, pois ventava muito. Vento gelado!
O percurso passou por bairros residenciais de Valência, pelo centro histórico e pelo magnífico complexo da “Cidade das Artes e da Ciência”.


Pelo centro da cidade


No km 7 retornamos ao mesmo local da largada. Vontade grande de pegar minhas roupas, me aquecer e ir passear pela cidade. “Ânimo”, Lia!
No km 10, “do nada” surgiu uma dor no meu joelho (na realidade acho que foi a falta de costume do “bichim” com o frio). E agora? Não vim até aqui pra parar no meio do caminho! Até então eu estava num ritmo muito bom e com certeza iria bater meu recorde pessoal nos 21km, mas a partir dali tive que continuar intercalando trote e caminhada.
Sempre que caminhava, SEMPRE, passava algum corredor por mim e dizia “ânimo”, “vamos” e eu recomeçava a correr. 
Na corrida, vi 2 grupos que me chamaram  atenção. Em um deles, todos estavam com a foto de um rapaz impressa na camisa, dizendo “Davi, corremos por ti”. Depois soube que Davi era um rapaz que morreu em um acidente recentemente. O outro grupo era de pessoas que se revezavam empurrando um carrinho com uma criança dentro. Na camisa: “Eu também empurro o carro”. O grupo arrecada fundos para uma doença degenerativa.
Bem, e eu continuei correndo e meu joelho continuou doendo muito. No km 20, ele simplesmente “travou”. Eu não conseguia mais correr. Mas então, ao meu lado apareceram 2 homens, sem roupas de corredor, sem nº. de peito, acompanhando e estimulando uma corredora e um deles cismou em não me deixar caminhar. Ainda tentei explicar, no meu pobre portunhol, que eu não podia correr por causa do meu joelho, mas não teve jeito, ele fez de conta que não entendeu (ou não entendeu mesmo), não me deixou mais andar e me arrastou até o final. Foi assim que consegui.


E lá venho eu...

Pausa na dor e alegria ao ver meus pais

Depois de todo aquele sofrimento, que maravilha foi ver meus pais me esperando na chegada!


Cheguei
O kit alimentação ao final foi um saco com tangerinas, típicas da região, uma caixinha com melão cortado, água e isotônico.



Os campeões, pra variar, foram quenianos e etíopes, tanto no masculino como no feminino. Ah, e não teve medalha, mas um certificado de finisher que depois baixaríamos pela internet.


Já com a "vestimenta de cearense", pronta pra passear por Valencia

Pelo percurso, pelo frio, pela superação da dor, prova inesquecível.


Quase não cheguei "en hora buena", que era 2:30 (tempo de corte)


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