Depois de passada a Meia
Maratona de Fortaleza, um amigo que fez sua estréia em corridas de rua naquela
prova (aliás, fez praticamente sua estréia em corridas, uma vez que só treinava
em esteiras e o máximo que tinha feito foram 10km. Louco!), veio me falar o
seguinte:
- Lia, eu ia correr só os
10. Aí, na volta dos 10, achei que dava pra fazer mais um pouquinho. Qualquer
coisa eu voltaria quando cansasse. Ai, fui indo, fui indo, e quando vi, já
estava na volta dos 21. E não é que eu senti “aquela” sensação que os
corredores falam?! Senti uma coisa muito boa. Tão boa que fiquei cantando
sozinho, na maior animação!
Achei engraçado isso. E
lembrei quando, há muito tempo, quando eu ainda tinha uma verdadeira aversão a
correr, uma amiga, corredora apaixonada, com os olhos brilhando me falou desse
“tal” sentimento. Falou-me de adrenalina, endorfina, serotonina. E, naquela ocasião, fiquei olhando, ouvindo-a
falar e pensando cá comigo “mas que besteirada! Tá viajando...”.
Pois é..... O mundo dá mesmo
muitas voltas.
Dessa vez, eu fiquei olhando
pro meu amigo e pensando “Ôxe! Só sentiu isso agora? Como é que pode? Eu sinto
essa euforia praticamente todos os dias que treino!”
Pra quem não conhece, é o
chamado “barato do corredor”. Em inglês, “runner’s righ”.
Comprovado cientificamente,
o barato do corredor ocorre com pessoas que fazem atividades aeróbicas de longa
duração, como a corrida, natação e ciclismo. Essas atividades alteram a química
cerebral e causam euforia no atleta. Muitos têm esse barato durante a atividade
física. Outros, após.
Estudos feitos mostraram que
o nível de endorfina no sangue do atleta duplica após o exercício.
E afinal de contas o que é
essa tal de endorfina? É uma substância produzida pelo cérebro que reduz o
estresse e a ansiedade, alivia a tensão, gerando sensação de bem estar e
plenitude.
Dito isso, talvez fique mais
fácil para as pessoas entenderem porque muitos corredores são considerados
viciados (eu!). É. Vira vício mesmo.
A corrida gera uma sensação
tão gostosa, que no meu dia obrigatório de descanso, fico num pé e noutro,
louca pra correr, tendo que me esforçar pra ficar parada, sabendo da
importância desse dia “off”.
Ano passado fiquei obrigatoriamente
de molho pelo período de 1 mês, devido a uma lesão no pé. Ao ir a uma consulta
com uma médica que também era corredora, e, ao relatar que estava sem correr,
ela foi imediatamente me perguntando “E como está seu humor?”. Achei engraçada
a questão. “Essa médica tá adivinhando?” Eu estava péssima. Pra baixo. Sentindo-me
depressiva e já estava me preocupando com isso. Então foi com alívio que a
escutei dizendo que o que eu estava sentindo era normal, devido à falta da
corrida. Sintomas de abstinência. Ai, é?......
Um estudo de uma
universidade americana sobre o impacto da privação de exercício no sono, descobriu
acidentalmente que o cérebro de corredores funcionava diferente do de
sedentários. Como descobriram?
Ao tentarem recrutar pessoas
que praticavam atividade física de 5 a 6 vezes por semana para participarem do
estudo, com a exigência de ficarem um mês paradas, poucas aceitaram. Mesmo
oferecendo dinheiro (eu só iria se a proposta fosse indecente! De grana, claro.).
Os cientistas então
conseguiram as cobaias entre os que corriam de três a quatro vezes por semana e
estes, privados da atividade física, relataram ansiedade, problemas sexuais e
interrupções no sono, quadro que descrevia uma síndrome de abstinência.
É isso aí. Quem é viciado em
corrida, como eu, sabe muito bem do que isso se trata.
Quem não é, ainda há tempo.
Com 3 meses de corridas (esse é o tempo necessário para engrenar na atividade
física e começar o usufruir de seus benefícios) você já pode começar a sentir
esse “barato”. O começo é difícil, mas persista, não desista que você consegue
e um dia vai surpreender-se sentindo esse “barato”. Tal qual meu amigo Felippe.
E é por isso que eu costumo
dizer que quero ficar bem velhinha, correndo sempre, com muita saúde, vivendo
“lombrada” de corrida.
Em um "transe" |
7 comentários:
Muito Bom Lia! Esta foto com seus filhos nÃo tem preço! bjos
ps: Muito bom a gente sentir este barato!
Mt interessante mesmo!
E "lombrada de corrida" ficou ótimo...
Muito bom, Lia!
Nádia
Você só esqueceu de dizer quem eu comecei a cantar... Elymar Santos hahah
Tô imortalizado no teu blog agora. rsrsrs Mas foi bem isso mesmo, mto bom saber que além de trazer beneficio pra saúde, a corrida ainda gera esse prazer.
Felippe
Bom dia. É isso, em alguns momentos da corrida/treino o runners higt me impulsiona, me faz rir sozinha. É extasiante
Magna
Oi Lia, de fato, concordo com vc. Amei o texto. Então é exatamente assim que me sinto quando passo alguns dias sem correr: "barato do corredor". Valeu!
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