quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Salar de Uyuni - Parte I

Situado nos andes bolivianos, a cerca de 3.800 metros de altitude, o Salar de Uyuni é um imenso deserto branco, feito de puro sal, com mais de 12.000 Km² (120 km x 100km de extensão e 120 metros de profundidade), rodeado pela cordilheira dos Andes e vulcões.
O salar foi formado há milhões de anos, pela evaporação das águas de um enorme lago, que por sua vez era braço do mar e que secou devido às altas temperaturas e à falta de chuva. A origem do sal também pode ser explicada pelas constantes erupções vulcânicas na área.

A 1a. vez que ouvi falar do salar de Uyuni foi por meu irmão, que lá esteve há 10 anos. Ele me falou que esse salar está entre os 3 maiores espetáculos da natureza que ele já tinha visto.
Comecei então a pesquisar na internet sobre esse “espetáculo” e, à medida que lia os relatos e via as fotos, fui apaixonando-me e aumentando minha vontade de conhecê-lo.
Nós, cearenses, na grande maioria, somos comodistas quando viajamos. Adeptos - nessa ordem -  do turismo consumista nos EUA, da Europa (que é linda mesmo) e, quando se fala em América do Sul, não passamos da Argentina e do Chile, e mesmo assim de suas cidades mais cosmopolitas.
Turismo na Bolívia e em outros países da América do Sul, nem pensar!
E o roteiro do Salar é um roteiro mochileiro mesmo.
Turismo pra ver natureza que, felizmente, por encontrar-se totalmente isolada, é de difícil acesso, sem luxos e comodidades, além do inconveniente da altitude.

Já havíamos comprado a passagem de ônibus no dia anterior e, no horário marcado fomos para a rodoviária de Potosi.


Rodoviária de Potosi


Depois de tantos relatos falando (mal) dos ônibus da Bolívia, me surpreendi com o que pegamos. Era um ônibus bom, da empresa recomendada Diana Tours, com lugares de cadeiras marcadas e que foi pontual, mas durante a viagem de 220km para a cidade de Uyuni, que durou 5 horas e meia, parava vez por outra para embarcar e desembarcar passageiros que foram em pé no corredor.
Uyuni foi a única cidade que não reservei hotel com antecedência, mas, em conversa com um casal paulista em Sucre, fui pro hotel indicado por eles: Piedra Blanca, Bs 190 (R$ 47). Na verdade uma hospedaria, como devem ser todos os hotéis da cidade, lotada de turistas que estão ali somente de passagem para pegarem o tour para o salar.


Uyuni
 Existem inúmeras agências que fazem o tour, mas acabei optando pela Red Planet, também indicação do casal.
Tour de 3 dias saindo de Uyuni, com refeições, duas noites de alojamento e passagem final para San Pedro de Atacama no Chile, incluídas. Bs 800,00 (R$ 200,00 por pessoa). Depois descobri que outras agências cobram em torno de Bs 750/700 e, apesar da Red Planet ter sido muito boa, acredito que a diferença entre as demais não é grande.
No dia seguinte estávamos às 10:30h na frente da agência para começarmos o passeio.


Preparando o carro pra aventura
 No Toyota 4X4 iam um motorista, um guia, dois ingleses, um belga, uma suíça e nós brasileiros. Os europeus eram jovens e estavam em viagem pela América do Sul, por períodos em torno de 2 a 3 meses! O Brasil estava incluído no roteiro deles, mas por poucos dias. A razão? Por ser caro e violento....

1º. dia:
Logo ao sairmos de Uyuni, paramos no cemitério de trens que fica nos arredores da cidade. São trens abandonados, usados antigamente no transporte de minério entre a Bolívia e o Chile. O clima estava bom, mas o vento era muitíssimo frio. No inverno as temperaturas chegam a atingir – 20oC.


Cemitério de Trens e vento friiiiio!
 Dali adentramos no salar e paramos em um pequeno povoado onde existe uma cooperativa que explora o sal. Lá é feita uma pequena explicação sobre o processamento e comercialização do sal.



O branco é tão intenso, que é impossível ficar sem óculos escuros


Ensacando o sal


 Depois, hora do almoço, paramos no hotel de sal Playa Blanca.


Entrada do Hotel de Sal
Antes funcionava como um hotel mesmo, mas hoje é um museu e local onde os viajantes param para almoçar. Nossa comida, servida sempre pelo motorista, foi salada, quinua (que é muito consumida nessa região e que faz “as vezes” do nosso arroz), carne de lhama, coca cola quente (difícil uma coca cola ou cerveja gelada na Bolívia!) e torta de maçã como sobremesa.



Nosso grupo, já na hora da sobremesa
  No hotel de sal pararam também todos os outros grupos e depois da refeição ficamos apreciando o salar e tirando fotos.


Não dá pra resistir à curiosidade do toque

É muito sal!


Continuamos nossa viagem e, devido à chuva da noite anterior, de seco, o salar passou a ficar com uma camada de água e o motorista ia dirigindo com cuidado enquanto nós, deslumbrados, olhávamos pela janela o horizonte que emendava céu e nuvens refletidos na água e ninguém conseguia distinguir onde começava o quê. Lindo!


O Salar sob as águas, sob as nuvens....



Como se não bastasse, logo depois paramos em um dos locais mais bonitos que eu já tinha visto: La Inacahuasi (casa do inca).


A parte azul é tudo sal
 

Incahuasi
É uma ilha montanhosa beeem pequena, no meio do salar, com cactus que alcançam 9m de altura e 900 anos. Pagamos uma taxa de Bs 30,00 (quase 10 reais) para acesso e enquanto eu subia entre os cactos e as pedras, ia apreciando a imensidão e beleza da vista do salar. Algo surreal.




Embaixo, o mar de sal a perder de vista, as pessoas e os carros 4X4 que também faziam parte da paisagem. Meu irmão tinha razão.



No topo da Incahuasi


Muitas fotos depois, seguimos de carro e depois de quase duas horas rodando sobre sal, o deixamos para trás e chegamos no nosso 1º. alojamento.
No percurso pelo tour não existem cidades. A altitude varia de 3000 a 5000 metros e o que existe são algumas casinhas e simples alojamentos feitos para atenderem aos turistas de passagem. 


Nosso alojamento só tinha nosso grupo e outro. Mesas, camas e paredes cobertas de sal, energia a base de gerador, banheiro no quarto, mas banho coletivo.
Alojamento da 1a. noite


Mordomia salgada

Ao chegarmos tivemos café, chá, biscoitos e logo depois o jantar: sopa, frango, batatas e salada. Dormimos cedo pra encarar o dia seguinte.

2 comentários:

Anônimo disse...

Menina...que lugar estranho, inóspito e belo....Parece cena de filme de ficção...
Cláudia

Anônimo disse...

Lia,

as belas fotos e seus relatos cuidadosos alimentaram ainda mais a minha certeza de um dia querer conhecer todos esses lugares!
Como esse mundo é grande e tão diferente!!!

O blog está de parabéns!
Passo um tempão lendo os textos e vendo as fotos.

Bjs
Ivan