SUCRE (2.800m altitude)
O voo para Sucre, pela Aerosur (http://www.aerosur.com/), estava marcado para 10:30h da manha, mas, por causa do atraso, somente saiu às 12:30h.
Um percurso por terra que demora muitas horas em ônibus lotados e sem conforto, de avião é meia hora de voo e de cima dá pra ver o quão montanhosa é a região. Montanhosa e árida. Praticamente sem vegetação.
Ao descer no aeroporto, senti logo o clima agradável da cidade, que àquela hora do dia estava 17oC e manter-se-ia assim nos dois dias que fiquei por lá.
Fundada em 1538 com o nome de Vila da Prata, Sucre ou a "Cidade Branca", como também é conhecida é calma e limpa e foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Sede do Governo em Sucre
Em Sucre há vários museus, igrejas e praças, alguns, marcos da história do país, como a Casa de La Libertad, onde aconteceram eventos importantes da Bolìvia, uma vez que a cidade foi a capital do país de 1839 a 1898.
Hoje ela é somente a Capital Constitucional, o que quer dizer que é lá que se encontra a Corte Judiciária da Bolívia.
Interior de uma das salas da Casa de La Libertad
Eu gostei muito de Sucre. As ruas são estreitas, as casas bonitas. É uma cidade estilo colonial. Existem muitos turistas e, segundo eu soube, muitas universidades também.
Ruas de Sucre
Ficamos no hotel Casa Verde, de propriedade de um senhor belga (René), super simpático e prestativo que nos deu todas as informações de que precisávamos. Hotel simples, agradável e o mais barato da viagem: U$ 25,00 a diária.
Como era hora do almoço, Rene nos indicou um restaurante local pois queríamos comer algo típico.
La Cabanita é um restaurante BEM local mesmo, simplérrimo, mas com uma comida muito gostosa.
Logo descobri que nessa região as comidas são picantes e sempre acompanhadas de batata, milho e ovo.
Um prato muito apreciado é o "Pique a lo Macho" (ligeiramente picante), que pode ser de frango, boi, e que vem com salsicha em rodelas. Muito gostoso!
Esse restaurante também foi o mais barato que frequentei. Comemos (na Bolívia os pratos geralmente são individuais), bebemos refrigerante, tivemos sorvete como sobremesa e gastamos R$ 10,00! Esse foi o lugar mais barato, mas em geral, pela Bolívia come-se barato mesmo.
Depois do almoço fui ao mercado da cidade.
O mercado é um local imenso onde tem tudo que se possa imaginar: grãos, roupas, frutas, comidas e até uma sessão com bolos confeitados eu vi. Foi o mercado mais colorido que já vi na vida. As tabuletas com frutas e um local onde serviam saladas de frutas com sorvete, pareciam quadros.
Frutas no mercado
Pimentões secos
Barracas de lanche
Lá está o típico boliviano. Pessoas pobres e todas índias.
As mulheres, com seus cabelos longos feitos em duas tranças, usando chapéu e a manta colorida inseparável nas costas onde carregam tudo, até suas crianças. Essas mulheres são chamadas "cholitas".
Uma "cholita" na pracinha de Sucre
Passeei pelo mercado, olhei tudo e depois fui ver algumas lojas de artesanatos, com suas roupas e mantas sempre coloridas.
A praça 25 de Mayo é o coração da cidade. Assim como Santa Cruz, prédios bonitos e importantes a rodeiam. É uma praça bonita e bem cuidada.
Pracinha
Por causa dos turistas e de seus universitários, Sucre tem muitas opções de restaurante, bares e inúmeras lan houses. É uma cidade gostosa para se "bater perna", entre aqueles casarios bonitos e ruas estreitas, em um clima agradável.
A altitude em nenhum momento chegou a incomodar-me.
No dia seguinte contratamos um taxi para irmos a uma cidade a 70km de Sucre, chamada Potolo.
Rene disse que só fazendo esse passeio conheceríamos a Bolivia e acho que ele estava certo.
O caminho é todo montanhoso. Sempre as montanhas áridas, sem vegetação. Vilas não existem. Apenas casinhas aqui acolá.
Vi pessoas arando a terra com carros de boi.
Vivem de pequenos roçados de milho e batatas e enquanto seguíamos montanha acima, caminhões lotados de gente desciam para a cidade. Eram trabalhadores.
Interior de uma igreja no meio do nada a 3600m de altitude
Chegamos a uma altitude de 3660 metros de onde vimos um caminho antigo dos incas e uma bela paisagem.
Caminho Inca
Ao chegarmos a Potolo, a cidade parecia uma cidade fantasma. Uma única rua de areia, casinhas pequenas todas feitas de barro. O taxista nos disse que as pessoas estavam trabalhando. Ou na plantação ou com as ovelhas, nas montanhas.
Potolo
Rua da cidade
Única pracinha
Comércio local
Entramos em uma casa e uma índia muito simpática nos mostrou como faz seus panôs, tecendo.
Nessa região do país, todos falam além do castelhano, a língua indígena chamada quechua.
Na Bolívia existem 3 grandes idiomas indígenas: “quéchua", na região de Sucre, “guarani”, na região de Santa Cruz e “Aymara”, na região de La Paz. Segundo o taxista, as escolas são obrigadas a ensinar o castelhano e a língua indígena de sua região.
Ah, foi em Potolo que pela primeira vez vi e masquei folhas de coca.
Folhas de coca
No Brasil, todos ficam muito espantados quando sabem que no Peru e Bolívia, em lugares de alta altitude, as folhas e chás de coca são vendidos livremente. Não são drogas. A coca, além de tirar a fome, é um energizante. Diminui o cansaço e isso alivia os efeitos da altitude. Além disso, já virou hábito e todos mascam as folhas. Experimentei mascar algumas e achei-as amargas.
Após o passeio, voltamos a Sucre e demos uma passada no que eles dizem ser o maior e mais bonito cemitério da Bolívia. Na verdade é um cemitério bem cuidado, verde, com seus enormes jazigos. Tipo o cemitério da Recoleta em Buenos Aires.
Entrada do cemitério de Sucre
Hotel em Sucre: http://www.hotelsucrebedandbreakfast.com/
4 comentários:
Lia que legal teu passeio! Faria com certeza uma viagem assim. Achei esta cidade de Potolo muito pareceda com aqueles distritos isolados do sertão brabo do nosso Ceará.Paisagens interessante, recordações incas, quanta história nestas ruas de Sucre...
Felipe
LIA
QUE LINDA REPORTAGEM VOCÊ FEZ!
DÁ VONTADE DE ESTAR NESSES LUGARES TÃO TRANQUILOS NO MEIO DO MUNDO...
PARABÉNS PELA AVENTURA E POR TANTOS CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS
BJOS
Tania
Excelente reportagem!
Marília
É tudo muito lindo de se ver mesmo, Felipe e tia.
Marília, vindo de vc, isso é um enorme elogio! obg
Lia
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